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Da Redação
Depois de 13 anos bem-sucedidos na Elektro, seis como presidente da distribuidora de energia, Marcio Fernandes deixou a empresa para assumir novos desafios. Com um estilo de liderança focado na felicidade das pessoas, ele tornou a Elektro a maior companhia de energia elétrica da América Latina. Em passagem por Porto Alegre nessa terça-feira (21.11), no Seminário Gestão de Pessoas, promovido pelo SEBRAE RS, o executivo falou sobre projetos futuros e seu novo livro “O Fim do Círculo Vicioso”. Confira:
Marcio Fernandes durante o Seminário do SEBRAE RS (Foto: SEBRAE RS)
SEBRAE RS – A Elektro conquistou sete vezes o título de Melhor Empresa para Trabalhar do Brasil (5 consecutivas), e você foi eleito duas vezes o líder mais admirado do País. Muitas iniciativas foram implementadas na empresa, mas o que você acha que mais contribuiu para esses resultados?
As pessoas têm, ultimamente, uma grande dificuldade de acreditarem nelas mesmas. Estamos passando por tantas crises morais e econômicas, que a maioria passou a ter dúvidas se deve mesmo acreditar em suas potencialidades. Neste aspecto o que foi marcante é que nós decidimos acreditar nelas. E acreditamos tanto ao ponto de fazer com que as pessoas também acreditassem nelas mesmas. A mensagem é: não precisa confiar em mim. Confie em você! E protagonize coisas para sua vida que faça sentido na sua trajetória e para sua família. E se, em algum momento, você achar que a gente já pode conversar sobre uma convergência de propósitos, em que possamos construir coisas juntos e que faça sentido para ambos, nós contamos com você também. Essa era a nossa linha de atuação dentro da Elektro.
SEBRAE RS – É verdade que você saia da empresa entre 17h30 e 18h porque tinha de dar banho nos filhos? Era uma política de toda a empresa sair no horário?
É verdade. Eu cresci ouvindo meu pai dizer que graças as horas extras ele construiu a nossa casa. E aí eu tentei me convencer de que hora extra era um mal necessário. Mas pensando mais profundamente sobre o tema eu percebi que a hora extra pode ser, sim, algo confortável, vantajosa, pois traz recursos para a família, mas ela vicia. Sem dúvida é um dos primeiros círculos viciosos do mundo do trabalho, em que a gente vende de forma não negociada, ou desprovida de qualquer consciência, um tempo muito nobre que poderíamos passar com a família fazendo coisas mais prósperas. E aí eu lembro que meu pai chegava em casa bem tarde, ele trabalhava 16h por dia, e falava assim para mim: “poxa, eu só vejo você dormindo” e eu respondia: “poxa, eu não vejo você”. Isso me fez perceber que perdi momentos muito bons porque todas as interações que tinha com meus pais eram muito prósperas. Então eu desejo para as pessoas que elas acreditem nelas mesmas, pois poderão ser promovidas para ganhar mais e não trabalhar mais para ganhar mais.
A equação para trabalhar em quantidade é muito óbvia. Eu prefiro outra equação: se você trabalhar melhor você ganha mais. Saímos da equação da quantidade para a da qualidade e do conteúdo, e isso faz com que as pessoas tenham tempo para estudar e, portanto, melhorar ainda mais a qualidade do trabalho e, por consequência, dar prosperidade na carreira. E, de maneira equilibrada, ter tempo para a família. Uma pessoa que pratica isso tem chance muito maior de ser feliz e quando ela é feliz essa engrenagem se retroalimenta fazendo com que trabalhe melhor, com mais qualidade, viva bem, goste da família e interaja com ela. Dessa forma, criamos uma sociedade um pouco menos frustrada. Pessoas mais felizes, produzem mais e melhor, ou seja, todo mundo ganha com isso.
SEBRAE RS – Você deixou a presidência da Elektro depois que ela foi incorporada pela Neoenergia. Tem algum motivo especial?
Eu estava na Elektro há 13 anos, com 36 tornei-me presidente. É uma empresa maravilhosa que meu deu a chance de fazer gestão do jeito que queria, coloquei em prática todos os meus sonhos, anseios, desejos e fui muito bem recebido. Só que chega um ponto em que a gente precisa expandir a nossa cabeça, os nossos pensamentos, o conteúdo. E eu não tinha condições de fazer tudo isso, de forma tão eloquente, trabalhando na Elektro. Encerrei um ciclo que culmina com o status de maior empresa de energia elétrica da América Latina, uma equipe incrível e sucessores preparados. Acho que meu ciclo foi bem concluído.
SEBRAE RS – Foi difícil tomar esta decisão? Como repercutiu entre os funcionários, já que a sua avaliação era extremamente positiva?
É difícil deixar uma empresa que você gosta tanto. Eu tenho saudade das pessoas, mas eu precisava seguir meu coração. Eu tenho um propósito, ligado à formação de pessoas, executivos, quero ajudar muita gente, as empresas. Meu relacionamento com os funcionários continua, de certa forma, por e-mail, mensagens e nos encontramos as vezes. E eu confio no trabalho e na pessoa que ficou no meu lugar na Elektro. Ele é muito bom, um cara incrível. Até ouso dizer que ele vai ser melhor do eu era. Vai dar tudo certo.
SEBRAE RS – Sua palestra no seminário do SEBRAE RS tratou do novo livro ‘O fim do Círculo Vicioso”
Está é a segunda vez que palestro sobre meu novo livro. A primeira foi na HSM. Ela fala justamente sobre o círculo vicioso em que, muitas vezes, a gente se coloca e não percebe que está nele, aceitando como normal. E aí pessoas incríveis, que poderiam ser profissionais poderosos, perdem a chance de prosperar porque aceitam passivamente algo que muitas vezes não se dão conta de que estão vivendo.
Como acordar e conseguir criar o que eu chamo de ciclo virtuoso? Os ciclos são repetidos de prosperidade que você pode fazer quantas vezes quiser, não te retém, ele permite que você circule por ele construindo a virtuosidade da sua vida, no ambiente de trabalho ou na família, de preferência nos dois. Então eu mostro como isso se correlaciona com a gestão de pessoas mais moderna, não aquela do “manda quem pode obedece quem tem juízo”. Estou falando daquela liderança que se interessa pelas pessoas de forma legítima e já não quer mais estar no alto do pedestal. São aquelas pessoas que simplesmente fazem o bem para o outro e não precisam mais de uma estrutura piramidal.
SEBRAE RS – Na sua opinião, qual a grande falha das empresas, dos gestores, quando falamos em gestão de pessoas?
Tem uma lista grande, mas a que mais me desagrada é o plano de retenção de pessoas. Como que faz a retenção de alguém? É cercear o direito de liberdade de ir e vir, é impedir, vetar. Ou seja, quem vai aceitar isso? Não acredito que alguém gostaria de ser tratado desta forma. Se coloco esta prática de gestão de pessoas na minha empresa estou dando que mensagem para as pessoas? Que eu vou obriga-las, muitas vezes com chantagem financeira, a ficar. Então eu acho isso um erro grave. Eu prefiro a estratégia do encantamento. Criar um ecossistema interessante, próspero e saudável, para que as pessoas queiram estar na minha empresa, permanecer. Garanto que é incrivelmente mais barato.
O evento do SEBRAE RS contou ainda com a palestra da mestre em filosofia da educação e doutora em educação, Terezinha Rios; e do case das Lojas Renner, apresentado por sua diretora de Recursos Humanos, Clarice Martins Costa
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