“Fracasso e inovação estão muito próximos”, dizem painelistas

Failcon – Desmitificando o Fracasso contou com a presença de Marcos Piangers

O público do Insight 2018 foi presenteado no começo da tarde desta segunda-feira, 12 de novembro, com o descontraído painel Failcon – Desmitificando o Fracasso, com o jornalista e comunicador Marcos Piangers e os empreendedores Rafael Chanin – professor da PUCRS e sócios de algumas startups – e Flávio Steffens – sócio da Vakinha.

O jornalista Marcos Piangers mediou o bate-papo sobre experiências de fracasso no mundo do empreendedorismo (Cassius Souza)

Usando do talento de comunicador que a profissão moldou, o jornalista Marcos Piangers – hoje nacionalmente conhecido por demonstrar seu papel de pai na internet e no livro O Papai é Pop – mediou o bate-papo. Além das perguntas, Piangers também contribuiu com o tema de forma permanente, acrescentando as próprias percepções aos exemplos trazidos pelos demais.

A atividade fez parte da primeira divisão pela metade do Palco 360º do evento, nos quais ocorreram uma atração em cada lado. Para começar com o tradicional bom-humor pelo qual também é reconhecido, Piangers convocou a plateia – que lotou o espaço destinado a ela – a rir, só para provocar o lado oposto. Em seguida, os três começaram a abordar o assunto para o qual todos estavam ali.

“No Brasil, culturalmente, somos treinados a evitar os erros, a fazer só o ‘certinho’. Isso inibe a nossa capacidade empreendedora, de improviso e criatividade. É desafiando os erros e o status quo que se chega a algum lugar”, disse o jornalista.

O professor da PUCRS Rafael Chanin seguiu na mesma linha: “A gente vai sendo moldado por todas as instâncias da sociedade pelas quais passa. Nas empresas e em casa a gente tem as regras, e a história mostra que aqueles que as quebram são os que inovam”, acrescentou.

Foi em razão de sucessivos fracassos que Chanin e Steffens se conheceram e se tornaram amigos. Hoje, colecionam histórias de aprendizados. Como exemplos, citaram uma rede social destinada a zoações futebolísticas e um projeto de vendas online de imóveis, no boom da construção civil no País. “A gente acha que só porque determinado mercado está aquecido vai sair ganhando. Uma coisa é consumir dele, outra é estar, pegar uma fatia. Quando não entende, passa vergonha”, disse Chanin, lembrando do episódio em que apresentou projeto para o marketing do Internacional sem se dar conta de que, institucionalmente, os clubes não se envolvem em brincadeiras de torcedores e, além de tudo, precisaria dos direitos de imagem. “Fui para a reunião achando que sairia com um cheque assinado e quase levei um boleto para a casa”, brincou.

“Tentei montar um negócio com construção civil sem mal saber o que é isso, acabei fazendo um site para uma empresa de purificador de água”, recordou Steffens.

Os 4 D’s do fracasso

Para o sócio da Vakinha, o insucesso passa por várias fases, que ele denomina como os “quatro D’s”: dúvida, desespero, desmotivação e desistência. “No primeiro, passa a questionar a ideia; no segundo, começa a apelar, vender mais barato o produto, fazer qualquer coisa para ter cliente; no terceiro, passa-se a chegar à empresa depois dos funcionários, mesmo que a sede fique dentro de casa; no último os parentes vibram”, conta Steffens.

Usando das técnicas comunicacionais, Piangers interferiu dizendo que o primeiro D é importante não só para a carreira, mas para a vida. “É sempre preciso se questionar, saber que você não é o cara. Tem gente que quer começar grande”.

Nessa linha, Chanin afirma que “as pessoas acham que a culpa nunca é sua. Quando elas percebem que a culpa do seu traçado é sempre da própria pessoa, deixando a autossuficiência de lado, a coisa começa a andar”.

Preocupados em não parecer uma programação ao estilo motivacional, os palestrantes citaram os clichês do meio, mas ampliando-os: “o sucesso inspira, o fracasso ensina, trazem lições importantes para evitar uns caminhos e optar por outros. O pai tem aprendizado quando erra e reconhece – é com esse que se tem o que aprender. O erro, a falha e a frustração tornam a pessoa mais completa. A gente interpreta errado essas frases prontas. Não é acreditar no sonho, é ser tão bom e dedicado a ponto de realizá-lo, afirmou Piangers. “Não queremos dizer para apenas acreditarem no sonho, mas, sim, para fazerem acontecer, agirem”, acrescentou Steffens.

Conselhos

Para encerrar, os três trataram de orientar o público. Usando das experiências, disseram para não deixar de trabalhar no que se gosta pensando apenas no dinheiro, mas, sim, unir as duas situações. Além disso, se permitir começar pequeno, sem destinar muito dinheiro e tempo e não deixar de colocar ideias em prática por medo do fracasso e da exposição.

“O primeiro momento é de entender o cliente para entender o negócio, validar a ideia, não é escalável. Quanto mais dinheiro e tempo se investe, mais cego pela ideia se fica. Não adianta querer começar um negócio contratando um show do Nenhum de Nós apresentado pela Fernanda Lima, na Casa NTX, aconselhou Piangers”.

“Tem-se de entender que todo problema tem solução, mas nem toda a solução tem problema. Ataquem o problema. Engajem pessoas. Isso é muito importante”. Minha história é cheia de fracassos, os abracei e aprendi com eles. Assimilei como parte do processo e inovei mais. Fracasso e inovação andam muito próximos”, finalizou Steffens.

“O pior sentimento da vida é o arrependimento. Estipule limites, mas não deixe de levar um projeto adiante”, acrescentou Chanin.

Mas, acima de tudo, perceba rápido o fracasso. Para não perder tempo, poder repeti-lo até alcançar a meta desejada.

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