PESQUISA GEM: oportunidades surgem em meio à crise

Apesar do cenário de dificuldades, muitos empreendedores enfrentaram os desafios e abriram novos negócios  

Nem sempre a pandemia foi sinônimo de notícia ruim para os empreendedores. Houve muitos casos de surgimento de oportunidades que, com planejamento e dedicação, conseguiram superar as dificuldades e ter sucesso. A terceira edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que, em 2020, 63,1% dos empreendedores gaúchos conheciam ao menos uma pessoa que começou um novo negócio devido à pandemia.

De acordo com especialistas consultados para elaboração do trabalho, a criação de novos negócios tende a ser salutar para auxiliar as economias na superação da crise provocada pela pandemia. O empreendedorismo compensa, ao menos parcialmente, as quedas da renda das famílias e do PIB provocadas pela crise, a qual derrubou a demanda para muitos setores de atividade, fechou muitas empresas e provocou a perda de muitos empregos.

A pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Sebrae RS revela ainda que, no Rio Grande do Sul, a taxa de descontinuidade de negócios foi de 7,5% em 2020, enquanto a do Brasil foi de 9,4%. Isso indica que a economia gaúcha, mais do que a do Brasil, teve um conjunto de negócios mais resistente a causas diversas que poderiam levar à descontinuação da atividade empreendedora.

“A resiliência dos gaúchos aliada ao apoio de organizações como o Sebrae que sempre estiverem ao lado dos empreendedores com soluções para o enfrentamento das adversidades foi fundamental para a superação dos desafios de uma forma menos traumática. Continuamos atentos aos desdobramentos do novo cenário e reforçamos nosso apoio a todos que não desistem do empreendedorismo”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae RS, André Vanoni de Godoy.

Planejamento

O planejamento foi uma das peças fundamentais para o sucesso da Sabores da Quitanda. Após trabalhar durante 18 anos como agropecuarista, os altos e baixos da vida no campo fizeram Eduardo Ourique de Oliveira refletir sobre o futuro. “Depois de tanto tempo de trabalho, eu já não tinha grandes perspectivas nesse setor. Então, com a aposentadoria da minha esposa, pensamos em algo para ganhar a vida”, conta o empreendedor. E foi assim que, em 2020, em plena pandemia, surgiu a Sabores da Quitanda, padaria localizada em Osório, no Litoral Norte gaúcho, que tem como sócia a esposa do Eduardo, a ex-professora Silvana Bertoli de Medeiros.

Embora houvesse vontade de empreender, eles não tinham uma ideia clara de negócio, só a certeza de que precisavam abrir algo que fosse garantir a freguesia. “Pensamos num primeiro momento em uma loja. Com essa certeza de manter os fregueses, chegamos à ideia da padaria. Afinal, pão sempre vende”, destaca.

Mesmo com o cenário de incertezas, em março de 2020 o empreendedor começou o planejamento do negócio, que inaugurou em setembro. “Utilizamos todo esse tempo e conhecimento adquirido para pesquisar os melhores preços, de equipamentos e produtos, criar estratégias de vendas, precificação, entre outros assuntos”, enfatiza Oliveira.

De acordo com o empresário, o programa de atendimento individual do Sebrae RS, que tem como objetivo auxiliar empreendedores em potencial com suas demandas, ajudou a empresa em questões mercadológicas. “Tínhamos uma visão muito vaga de mercado. O Sebrae RS nos ajudou na definição de público alvo, que acabou nos inserindo de maneira forte no mercado”, afirma o empresário. Ele conta que a padaria iniciou com cerca de mil produtos e que, atualmente, este número mais do que dobrou nos primeiros meses de funcionamento.

O analista de relacionamento com clientes do Sebrae RS, Álvaro Fossati Neto, considera a Sabores da Quitanda um case de sucesso para empreendedores que buscam iniciar seu negócio do zero. “O Eduardo e sua esposa nunca tinham tido uma experiência empreendedora e conseguiram fazer tudo que havíamos planejado. Eles são um exemplo de pessoas que têm o sonho de abrir uma empresa e obtém êxito seguindo o modelo de negócio”, ressalta.

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