Agroindústrias de pequeno porte acessam novos mercados

Fabiano Nichele

Gerência Setorial do Agronegócio

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O queijo que seu avô fazia artesanalmente era conhecido em toda a região, e você acha que é hora de levá-lo ao mundo, abrindo uma agroindústria junto ao tambo e anunciando-o além fronteiras? De fato, produtos com apelo artesanal e saborosos têm cada vez mais espaço no mundo, e agregar valor à produção é bem-vindo ao negócio. Porém, antes de empreender na área de fabricação de alimentos, o empresário precisa estar atento às exigências legais e possíveis restrições à comercialização fora do município.

A legislação tem evoluído no sentido de incentivar que produtos da agroindústria tenham mais acesso a mercados. Até mudanças na legislação sanitária realizadas em 2006, estabelecimentos que tinham inspeção apenas do município (S.I.M.) só podiam comercializar dentro da área geográfica dessa localidade, o que tolhia oportunidades de desenvolvimento. Para ampliar os horizontes dos empresários, foram criados o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (SUSAF-RS) e o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA). Ao aderir a esses sistemas, os municípios passam a ter suas estruturas de fiscalização local auditadas pelas autoridades estadual ou federal, respectivamente, e permitir que suas agroindústrias vendam seus produtos em todo o Estado (no caso do SUSAF) ou país (no do SUASA).

Por isso, um dos primeiros passos a ser adotado por quem quiser abrir uma agroindústria e explorar mercados regionais ou nacional é procurar a secretaria municipal de Agricultura e verificar se o município aderiu ao Susaf ou Suasa, o que abre espaço para que a inspeção sanitária de técnicos locais libere o produto – seja um queijo, salame ou geleia, por exemplo – para comercialização em feiras e pontos de venda de outras cidades. Para muitos produtores, isso abriu o mercado, antes restrito à oferta na feira de produtor do município, com pouca agregação de valor.

As exigências de rotulagem dos sistemas de inspeção também fizeram com que pequenas agroindústrias familiares passassem a explorar mais suas marcas e a se modernizar. Para isso, muitos empreendimentos contam com a ajuda do programa Juntos para Competir, parceria de FARSUL, SENAR-RS e SEBRAE RS, que, entre outras atividades, auxilia grupos de agroindústrias de pequeno porte a levar seus produtos a feiras e eventos de outros municípios.

Independente do tamanho da agroindústria ou do tipo de fiscalização sanitária a que ela se submete, o importante é que os empreendimentos que fabricam alimentos se preocupem e cumpram normas sanitárias, para garantir a qualidade do produto e a saúde da população que o consome, explica José Pedro Martins, coordenador institucional do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado (CRMV-RS). “As normas definem procedimentos de higiene, manipulação e autocontroles necessários aos estabelecimentos”, explica. Uso de toucas, luvas, botas e instalações fáceis de higienizar são algumas das exigências que devem ser seguidas em agroindústrias.

Buscar orientação técnica no município e em instituições como o SEBRAE RS é, portanto fundamental para quem deseja operar uma agroindústria. O queijo que seu avô fabricava – ou qualquer outro grande produto – é essencial para o sucesso do negócio, porém, tem pouco futuro comercial se não puder acessar mercados que reconheçam esse valor.

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