Carne ovina precisa agregar valor

Público lotou o espaço dedicado às palestras do Salão do Empreendedor, na Expointer

Esteio – Os temas ‘ovinocultura como negócio’ e ‘agregação de valor à carne ovina’ mobilizaram produtores rurais e outros interessados no Salão do Empreendedor, onde, nesta quarta-feira, 30 de agosto, foi realizado painel sobre o segmento. O público lotou o espaço dedicado às palestras para ouvir André Comazzato, gestor da Fazenda Alto das Figueiras e do projeto Pensando Cordeiro, e a Dra. Elen Nalério, pesquisadora e responsável pelo Laboratório de Ciências e Tecnologias de Carnes da EMBRAPA Sul.

Público lotou o Salão do Empreendedor para saber mais sobre a ovinocultura (Foto: Fagner Almeida)

Mudanças na forma de ver a criação de ovinos e processos realizados na Fazenda Alto das Figueiras foram apresentados pelo gestor e proprietário André Comazzato. Com credibilidade e experiência, o criador de ovinos e engenheiro civil por formação, apresentou diversos itens que devem ser observados pelos produtores para que o negócio obtenha retorno financeiro. Segundo Comazzato, uma das melhores formas de identificar falhas é observar outros criadores. “O erro que mais ajuda é o dos outros. Temos que estar atentos”, sugeriu. Consultoria e planejamento foram outras formas de auxílio para melhoramento de produção citadas pelo empreendedor.

A importância de um processo de criação que vai desde a escolha dos borregos de criadores externos ao pós-parto das matrizes foi comentado por Comazzato como um dos principais cuidados que um criador deve ter, pois as escolhas e definições a partir de um planejamento irão gerar economia ao final. “Quando visito a fazenda do criador do borrego para verificar se a criação está correta e sem problemas, eu sei que estou ajudando lá na frente, para a produção ter o mínimo de trabalho possível”, explica.

Integração entre produtores, consultores e universidade, pastagem, processo de emprenhes, ajuste de carga permanente, protocolos pré e pós-parto, planejamento financeiro e gestão foram outros assuntos abordados pelo produtor rural, que finalizou revelando o grande segredo para uma criação dar certo. “Se tu não gostas de fazer as coisas, nunca irá chegar lá. O segredo é trabalhar!”

Inovação para aproveitar melhor a carne ovina
Seguindo na agregação de valor da carne ovina, a Dra. Elen Nalério, pesquisadora e responsável pelo Laboratório de Ciências e Tecnologias de Carnes da EMBRAPA Sul, apresentou o Projeto Aprovinos, que visa estudar e desenvolver formas de melhor aproveitar este alimento a partir de suas diferentes categorias.

Carcaça e componentes não-carcaça para a produção de derivados cárneos são o grande produto utilizado por Elen para o desenvolvimento dos estudos. Como estratégia para a agregação de valor, o laboratório comandado pela pesquisadora utiliza os animais e as carcaças que são os gargalos de produção, como animais não-carneiros. Além disso, o objetivo é desenvolver produtos atrativos e que possam ser potenciais agentes de transformação na cultura do consumo da carne ovina. “Atualmente, 12% das pessoas nunca comeram carne ovina. Isso se dá muito pela falta de hábito e oportunidade, dificuldade de encontrar em estabelecimentos, bem-estar animal e o não consumo de carne”, ressalta Elen, lembrando que quatro desses motivos podem ser revertidos.

Os produtos oferecidos atualmente são voltados apenas para churrasco, com cortes grandes e de difícil preparo em pequenas porções. “As primeiras soluções seriam oferecer o produto de forma porcionada e refrigerada, para consumo rápido e fácil”, diz Elen. Inspirados em produtos suínos, que são oferecidos industrializados e consumidos de forma de produtos curados, fermentados, defumados, marinados e cozidos, foi criado linhas que vão desde produtos premium, como o presunto cru, feito de carne de borrego e animais de descartes, aos de baixo custo, como o patê ovino com ervas finas, feito de fígado.

Salão do Empreendedor
O Salão do Empreendedor é uma iniciativa da FARSUL, do SENAR-RS e do SEBRAE/RS, através do programa Juntos para Competir, com parceria da Fecomércio/Senac-RS, SENAI-RS e apoio da Embrapa por meio das unidades Pecuária Sul, Uva e Vinho e Clima Temperado. Nesta edição da Expointer, considerada uma das principais feiras do setor agropecuário na América Latina, o Salão do Empreendedor tem sua programação orientada a partir dos sete segmentos selecionados por seu potencial de desenvolvimento no Rio Grande do Sul: Apicultura, Horticultura, Olivicultura, Ovinocultura, Pecuária de Corte, Leite e Vitivinicultura. Neste ano, todo conteúdo, atividades e atrações interativas proporcionados pelo Salão do Empreendedor estão relacionadas à ideia de mostrar as principais cadeias produtivas do Rio Grande do Sul com a perspectiva ‘do campo à mesa’. Dessa forma, o público conseguirá perceber a conexão do que é fornecido pelos produtores rurais, passando pelos meios de processamento até a oferta ao consumidor.

Com a inclusão da Fecomércio/Senac-RS, do Senai-RS e da Embrapa (apoio) ao grupo de entidades responsáveis pela organização do espaço e das atividades, o Salão torna-se mais completo. “A grande ideia é mostrar como se faz e o que está envolvido na produção de itens do dia a dia – detalhando cuidados, técnicas e tecnologia – e, claro, além disso, gerar oportunidades de negócios”, diz o presidente do Sistema Farsul e do Conselho Deliberativo Estadual do SEBRAE/RS, Carlos Rivaci Sperotto.

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