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Da Redação
Um tema em comum norteou as palestras de Larissa Luchese e Anny Pricyla dos Santos no Seminário da Moda, que encerra o Campus Fashion Week nesta sexta-feira, no campus da Unijuí, no Noroeste do Estado. Ambas falaram sobre as mudanças geradas pela comunicação – principalmente o cenário digital – no setor, tanto na carreira, quanto editorial e profissionalmente.
A ijuiense Larissa Luchese usou o tema para explicar por que optou em sair da Revista Marie Claire, onde era editora sênior de Moda em São Paulo, para trabalhar por conta própria na mesma cidade. “Sou apaixonada por revista, mas há uma mudança muito grande no mercado que me fez decidir por trocar para a carreira solo a partir da rede de contatos que estabeleci. As pessoas não consomem mais papel, ou consomem muito menos, e as bancas de jornais estão fechando. Minhas pesquisas de trabalho são feitas todas no celular. As publicações impressas estão lutando para sobreviver, elas precisam entender a mudança editorial ocasionada pelo digital”, explica Larissa sobre a mudança de ares.
Mas foi para mostrar exemplos de editoriais da Marie Claire que Larissa voltou à terra natal. Sua apresentação foi marcada por trabalhos da qual ela se orgulha muito, com capas e matérias que celebram a representatividade e a inclusão. “Eu criava os conteúdos que iria editar e ajudei a promover mudanças na revista. Há cinco anos, não se cogitava capas sobre homossexualidade e mulheres plus size, trans, negras, de cabelos crespos. É preciso comunicar a imagem além da moda, essa é a preocupação do meu trabalho. Fico muito feliz em saber que fiz parte dessa mudança, trazer a discussão para perto e poder mostrar sem medo do preconceito. É preciso ocupar os espaços”, salienta.
Entre os exemplares da revista trazidos para a palestra, estiveram capas com a modelo Winnie Harlow, as cantoras Xênia, Iza e Pablo Vittar, as atrizes Sabrina Satto, Nanda Costa, Leticia Colin, Taís Araujo e Camila Pitanga, sempre para abordar questões de raça, gênero, amor e tabus. “É necessário falar de liberdade e diversidade, quebrar barreiras, ir para a frente, defender minorias, contestar e ajudar a construir um mundo mais feliz. Comunicar é uma responsabilidade muito grande”, conta.
Já a coordenadora nacional de moda do Sebrae Anny Pricila dos Santos, falou sobre como a revolução da informação está modificando não apenas o setor da moda, mas a sociedade como um todo. De acordo com Anny, a tecnologia, que a maioria das pessoas associa à causa desta revolução, é apenas o meio. Para ela, a responsável por este momento é a queda do custo da comunicação. “A informação chega em menos tempo e menor forma. Ela está mais democratizada, ampliada e viralizada. Hoje, todo mundo sabe quem está falando o quê”, explica.
Anny aproveitou o tema para relacionar a revolução da informação com a do excesso e fazer alertas, informando que o abuso das redes sociais tem ocasionado doenças desconhecidas até então, como infoxation, infonomia, tecnoestresse, tecnodependência e obesidade digital. A palestrante levou ao público os conceitos sobre o mundo Vulca, caracterizado por quatro aspectos: volatilidade, incerteza, complexidade, ambiguidade.
Anny salientou ainda que, por conta destes excessos, o dia de sobrecarga da Terra ocorre mais cedo ano após ano – o que significa que o planeta produz menos recursos naturais do que o necessário para a vida humana. “Estamos vivendo uma modernidade líquida, na qual o equilíbrio entre escassez e abundância é o elemento central para se sustentar. É importante saber em que peso da balança entre recursos tecnológicos x recursos naturais e humanos você se encontra. O empreendedor e o empresário da moda precisam ter essa consciência, pois o setor é um dos mais poluentes do mundo”, reforça.
Mas, afinal, como alcançar este equilíbrio e conseguir empreender no mundo acelerado? Essa é a grande questão a qual a palestra se propôs responder. E as respostas servem não apenas para os representantes da moda, mas, sim, para todos, pessoal e profissionalmente. Pensar fora da caixa, propor coisas novas, resolver problemas reais são alguns pontos. “Equalize os recursos para usá-los de forma inteligente, em prol de transformações reais e benefícios sociais. Tenha propósito e significado. Produtos e serviços tornam-se obsoletos rapidamente. A moda revive, reinventa. Ofereça o que só você é capaz. Alguém faz algo melhor a cada instante, e agora isso é de conhecimento geral. Celebre conquistas. Não é sobre tecnologia, é sobre pessoas, é comportamento. Isso é para você, não para o negócio. Negócios são feitos de pessoas”, aconselha, lembrando que este equilíbrio também precisa acontecer entre trabalho e vida pessoal.
O Seminário da Moda é uma realização de Sebrae RS, Unijuí e Unijuí FM. O evento segue até à noite desta sexta-feira com discussões sobre novidades no varejo, engajamento de clientes, estratégias de visual e merchandising. Às 19h30, o renomado estilista Ronaldo Fraga encerra a programação do Campus Fashion Week.
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