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Priscila Trindade Sant'Anna
Gestora de Políticas Públicas Sebrae RS
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Já sabemos que a forma como ensinamos deve mudar radicalmente: desde as estruturas das escolas, ainda com classes e professores dando a mesma aula para todos os alunos, passando pelo conteúdo em matérias segmentadas, até os aprendizados que não estamos proporcionando às crianças, como habilidades socioemocionais e competências técnicas relacionadas à tecnologia. Mas não podemos somente reclamar do que já existe sem propor um novo modelo de atuação, verdade? Partindo desse pressuposto, e embasado em inúmeras teoristas futuristas, o empreendedor americano Peter Diamandis, cofundador da Singularity University (instituição no Vale do Silício, nos Estados Unidos, que apoia líderes mundiais em tecnologias de crescimento exponencial), mostrou um estudo denominado “Crônicas sobre educação – Reinventando como educamos nossas crianças”, em que traz reflexões para discutir o futuro da educação básica no mundo.
O material cita primeiro os cinco princípios que guiam a educação do amanhã que temos que transformar a partir de agora, sendo eles:
Paixão
A importância do propósito, de ter sonhos ou uma missão de vida é crucial para impulsionar a aprendizagem.
Curiosidade
Manter esse aspecto nato das crianças, mas que vai sendo podado ao longo de seu crescimento. É primordial manter o lado criativo em um mundo de robôs e inteligência artificial através de questionamentos para aguçar a curiosidade.
Imaginação
Imaginar o mundo onde queremos viver e criá-lo. Crianças têm a imaginação fértil, e é primordial que elas saibam a importância de seguir imaginando.
Pensamento crítico
Em um mundo de informações desencontradas, ter a capacidade de crítica é fundamental, mas é também a habilidade mais difícil de ensinar.
Persistência
É a paixão e a perseverança em perseguir metas de longo prazo, mas foi reconhecida como uma das habilidades que mais influenciam para o sucesso na vida adulta.
Então, partindo desses cinco princípios básicos, foi desenhado “o currículo da escola do futuro”, que traz 12 importantes pontos que devem ser trabalhados durante a jornada escolar: comunicação/storytelling, paixão, curiosidade/experimentação, persistência, exposição à tecnologia, empatia, dilemas morais e ética, ler, escrever e aritmética, expressão criativa e improviso, programação, empreendedorismo e vendas e novas línguas.
Aqui vamos explorar o empreendedorismo e vendas destacado neste estudo.
Educação básica para empreender
Empreendedorismo aqui é visto como um conjunto de habilidades e competências que vai muito além de abrir uma empresa (mas a criação de projetos ou negócios é uma premissa, como um exercício com o aluno). Empreender é ter a capacidade de identificar um problema (uma oportunidade), devolver uma visão de como resolvê-lo e trabalhar em equipe para transformar essa visão em realidade. E a escola pode proporcionar esse exercício das maneiras mais criativas e divertidas possíveis, ensinando as lições básicas de empreendedorismo e vendas.
O estudo indica que trabalhar a questão das vendas é necessário desde a infância: vender uma ideia é uma habilidade fundamental atualmente (e aqui transpassa a habilidade de se utilizar um bom storytelling).
A cultura americana sempre estimulou a crianças a experimentarem ter um negócio (lembrando sempre das barraquinhas de limonada que vemos nos filmes), o que ainda não acontece em outros países, como o Brasil. Desse ponto de vista, fomentar a formação de feiras de negócios entre estudantes ainda é uma premissa. No estudo, Peter estimula dar um passo além desse, sugerindo que os negócios dos alunos já envolvam tecnologia (programação, games, aplicativos) como produtos, e não encorajar a criação de projetos e empresas tradicionais. Também estimula a arrecadação de recursos através de campanhas de crowdfunding para criar uma experiência real e memorável de empreendedorismo para esses jovens.
Em um futuro breve, onde a inteligência artificial promoverá a exclusão de diversas profissões e a substituição de pessoas em diferentes tarefas, o trabalho intelectual dos humanos, aliado à inteligência emocional para se adaptar a essa nova realidade que irá surgir, será o melhor legado que podemos deixar às crianças, para que tenham o diferencial necessário para serem pessoas capazes, qualificadas e felizes.
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