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Roberto Grecellé
Coordenador estadual de pecuária de corte do SEBRAE RS.
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A cadeia produtiva da carne bovina é um dos setores mais importantes da economia nacional. É responsável por mais de 7,2 milhões de postos de trabalhos e movimentou em 2017, 523,25 bilhões de reais. Com um rebanho bovino de 221,8 milhões de cabeças, presente em mais de 2,67 milhões de propriedades rurais, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC (2018), o Brasil é hoje o segundo maior produtor mundial de carne bovina (9,7 milhões de toneladas equivalente carcaça). Estados Unidos, União Europeia e China ocupam o 1º, 3º e 4º lugar, respectivamente, com produções de 12,1; 7,4; e 7,1 milhões de toneladas equivalente carcaça.
No ranking dos maiores exportadores mundiais da carne bovina o Brasil está no topo (2 milhões de toneladas equivalente carcaça exportadas em 2017), seguido por Índia, Austrália e Estados Unidos (1,5; 1,4; e 1,3 milhão de toneladas equivalente carcaça, respectivamente).
De toda a carne anualmente produzida no país (9,71 milhões de toneladas equivalente carcaça), 80% destina-se ao consumo interno (7,73 milhões de toneladas equivalente carcaça) e 20% ao mercado internacional (2,03 milhões de toneladas equivalente carcaça).
O peso da cadeia da carne bovina brasileira pode ser expresso de várias formas. Abaixo, alguns números de 2017 que demonstram porque ao falar de carne bovina o Brasil precisa obrigatoriamente ser chamado à mesa. Alguns destaques para a pecuária gaúcha, nesse contexto nacional:
No contexto
Considerando a complexidade interna desta cadeia, onde boa parte dessa produção acontece em fábricas a céu aberto (as fazendas) e que o mundo está integralmente conectado para comprar e vender carne, é possível afirmar que neste “mundo da carne” não tem nada de monotonia. Muito pelo contrário. Nos últimos cinco anos muitos foram os fatores que tiveram interferência direta neste mercado.
O protagonismo das grandes companhias frigoríficas de carne (ontem nacionais, hoje multinacionais), as constantes variações cambiais (sobretudo da pressão do dólar sobre o Real), a operação carne fraca (grande operação realizada pela Polícia Federal e Ministério Público que investigou, denunciou e prendeu alguns dos operadores de importantes companhias do setor) e a explosão dos eventos que fomentam o consumo da carne. Esses e outros fenômenos têm feito do setor da carne bovina um setor dinâmico e moderno, com grande interface com a sociedade em geral, exigindo constante atualização e monitoramento por parte dos produtores rurais, industriais, varejistas, operadores logísticos e demais profissionais envolvidos na cadeia de ponta a ponta.
O mercado de carne deixou de ser algo local
Os relacionamentos, as parcerias comerciais e os limites do mercado consumidor não estão mais apenas no entorno territorial. As dimensões desta cadeia transformaram-se radicalmente graças à evolução da web-comunicação, da ampliação das áreas de livre comércio e da força do agronegócio como um todo. O que se tem como cadeia da carne hoje em nada se assemelha com o setor de quatro décadas atrás. Está cada vez mais global e – pelo que tudo indica – vem muito mais mudanças por aí.
Ameaças ou oportunidades? Acho que ambas. Depende da postura que cada empresário deste setor adotar. Se negar as possibilidades do presente e do futuro, grandes oportunidades podem ser perdidas. E perder oportunidades não é bom para ninguém, afinal, como diz o dito popular: “o dinheiro não aceita desaforo”. O fato é que o setor de carne está mundialmente em transformação. E é possível dar destaque para três causas-raízes.
Em primeiro lugar o crescimento da população mundial por si. Se sairmos dos atuais sete bilhões para potenciais nove bilhões de pessoas em 2050, é natural pensar que boa parte da crescente demanda de alimentos será de carne bovina.
Em segundo lugar o ingresso de milhões de pessoas nas classes mais favorecidas economicamente. Com mais dinheiro do bolso percebe-se o aumento do consumo de carne, em intensidade variável de acordo com os hábitos alimentares segundo a cultura de cada nação. Terceiro ponto é aquele que tem puxado de forma muito positiva o consumo de carne de qualidade, este, especificamente, um mercado que deve ser priorizado pelo RS. Pessoas das mais variadas culturas (latina, norte-americana, oriental, europeia, africana e no mundo árabe) e de diferentes classes sociais passam dia a dia a consumir carne não só como alimento, mas como objeto de desejo, tratando essa importante fonte proteica de alto valor nutricional como um elemento fundamental para experiências gastronômicas únicas.
O mercado de carne é um gigante. O Brasil um protagonista. Cadeia da carne é conexão. Avante!
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