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Roger Scherer Klafke
Coordenador Estadual de Alimento e Bebidas do SEBRAE RS
A globalização e a complexidade das relações empresariais na cadeia produtiva de alimentos e bebidas possibilitam risco de segurança e fraudes na produção de alimentos (por exemplo, a lasanha de carne de cavalo na Europa). Algumas indústrias admitem que não possuem controle de todos os seus fornecedores. Apesar das soluções tecnológicas disponíveis para garantir transparência e rastreabilidade dos produtos do campo até a mesa do consumidor, os alimentos enfrentam uma crise de confiança em alguns países. Na França, 77% dos consumidores acreditam que a comida consumida seja ruim para a sua saúde. O percentual de americanos que acreditam nesse risco é de 55% e na China o número chega a 91% dos consumidores. Sobre os rótulos, quase metade dos americanos acham que não têm informações suficientes sobre um produto depois de ler o rótulo.
Diante da crescente demanda por transparência, várias ferramentas foram desenvolvidas para ajudar fabricantes e distribuidores a mostrar que não têm nada a esconder e que desejam desenvolver um diálogo aberto com seus clientes. Na França, a Fleury Michon lançou sua campanha #comeandcheck, recebendo consumidores, blogueiros e jornalistas em sua fábrica. A Nestlé fez um sorteio para clientes visitarem as fábricas, e na Dinamarca, a cooperativa Danish Crown oferece a possibilidade de clientes visitarem os frigoríficos.

Para ampliar a relação de transparência entre a indústria e o consumidor existem aplicativos que oferecem mais informações do que os rótulos possuem, como o francês Open Food Facts e o Good Guide nos EUA. Alguns possuem um sistema de pontuação que avalia a qualidade nutricional, como o Yuka na França ou aspectos sociais e ambientais como o How Good nos EUA. Nos EUA, a Grocery Manufacturer Association lançou o SmartLabel, pelo qual os consumidores podem acessar via QR code informações detalhadas dos produtos.
Na China, para atender às preocupações com produtos lácteos, a empresa “Adopt a cow” oferece pelo QR code a possibilidade de monitorar a produção 24 horas por dia, por uma webcam e também visitas na fazenda. A Hershey está trabalhando com o software “Sourcemap” que fornece um mapa interativo para rastrear ingredientes desde o cultivo até a fábrica (como a colheita de grãos de cacau em Gana). Códigos de rastreamento na embalagem também fornecem informações adicionais, como a Aurora (empresa brasileira) que, inserindo o código da embalagem do leite, é possível conhecer as etapas de produção desde a ordenha até o produto que sai da fábrica.
A alemã Followfish possui uma rede de pescadores e piscicultores orgânicos em todo o mundo, promovendo a pesca sustentável. Com seus códigos de rastreamento, os consumidores podem rastrear o itinerário do produto, a data em que o peixe foi pescado, a identidade do pescador e o nome do barco. A realidade aumentada está começando a ser usada nas embalagens, como no leite Lactel Max, que ao focar o smartphone na embalagem, disponibiliza conteúdo sobre o produto. O grupo Poult, desenvolveu um logotipo interativo e animado na embalagem, fornecendo informações sobre o produto e ingredientes. Além disso, a Mars Food desenvolveu a plataforma Transparency-One que mapeia toda a cadeia de suprimentos e disponibiliza dados.
O “supermercado do futuro”, implementado pela Coop Italia, ampliou os selos de realidade que não exigem um smartphone. Na seção de frutas e verduras, o cliente coloca a mão no produto para poder ver instantaneamente a sua origem, o número de calorias, a lista completa de matérias-primas e sua origem e a pegada de carbono do produto.
Abrir as portas das indústrias para visitas é ótimo, mas nem sempre é possível. A realidade virtual pode entrar neste ponto, criando experiências de uma maneira divertida. A Coca-Cola oferece um tour virtual por meio de um aplicativo e de vídeos. O McDonald’s da Inglaterra lançou o “siga nossos passos”, onde clientes acompanham agricultores e fornecedores. A Nescafé utiliza a realidade virtual para passeios em uma de suas plantações de café no Brasil.
Sobre rastreabilidade, o blockchain, tecnologia de armazenamento e transmissão de informações descentralizada, transparente e segura, pode ser a saída. O Carrefour lançou a primeira blockchain de alimentos na Europa, com os seus frangos. Com o QR code escaneado é possível localizar a fazenda, o produtor e a ração consumida pelo frango. O Walmart montou um sistema blockchain em colaboração com a IBM, o gigante chinês de e-commerce JD.com usa blockchain para rastrear a produção e entrega de produtos.
A transparência agrega valor e garante autenticidade aos produtos, evitando problemas parecidos com o que ocorreu em restaurantes da Espanha que serviam peixes que não eram da mesma espécie descrita no cardápio. Em breve, testes genéticos (como o projeto FOODINTEGRITY) acabarão com esse problema, fazendo uso de scanners que analisam detalhadamente alimentos (como os desenvolvidos pelas empresas Scio e Tellspec). Acredita-se também que, em um futuro próximo, será possível até avaliar a presença de pesticidas e confirmar se um produto é realmente orgânico ou não, como o protótipo de equipamento desenvolvido pela empresa Inspecto de Israel.
Este texto é uma adaptação com tradução livre do estudo FutureLab 2030 apresentado na SIAL 2018.
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