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Ana Finkler
Gerente de Marketing Sebrae RS
Um evento que se renova a cada ano, até parece o personagem de Brad Pitt no filme “O curioso caso de Benjamin Button”. Em sua 32ª edição, o SXSW torna-se cada vez mais uma referência para quem busca inovação tecnológica e cultural. Milhares de pessoas de todo o mundo sempre seguem para Austin, Texas (EUA), para acompanhar mostras de cinema, música, games, exposições diversas, encontros, debates e apresentações de empresas de tecnologia, startups e movimentos disruptivos. Neste ano, tudo rolou de 8 a 17 de março, e tive o prazer de marcar presença. Aliás, a delegação brasileira sempre é uma das mais numerosas, e neste ano somou 1.666 pessoas, entre o total de mais de 300 mil inscritos.
Como inovação sem humanização não tem sentido, o pano de fundo do evento foi o “Futuro baseado em relacionamentos melhores e mais profundos entre pessoas, com as máquinas e a tecnologia servindo como meio para isso acontecer”.
Entre tantos cases instigantes e pessoas famosas, uma representou bem esse espírito. A atriz ganhadora do Oscar Gwyneth Paltrow, que também é cantora e autora de livros de receitas saudáveis campeões de vendas, apresentou sua plataforma Goop e mostrou que, mesmo quando você é reconhecida mundialmente, é algo essencialmente humano ter dúvidas e questionamentos durante o ato de empreender. A partir de uma crise existencial depois do nascimento de sua filha, ela criou a Goop como uma newsletter para divulgar ao público feminino aquilo que realmente importava para ela: dicas de beleza, bem-estar, viagens, restaurantes, receitas e trabalho, todos ligados a uma vida mais saudável.
Hoje o negócio é uma extensa plataforma multimídia na internet e que em breve disponibilizará seu conteúdo até na Netflix. No painel em que se apresentou, a empresária demonstrou que é normal para qualquer um se questionar sobre sua real capacidade – tanto que ela só se tornou a CEO do próprio negócio sete anos após sua criação. Mas o mais importante é que ela mostrou que é possível empreender algo de sucesso quando a proposta de valor é atrativa, inovadora, acessível e, principalmente, quando estimula o bem-estar e a autoestima das pessoas. Algumas frases inspiradoras de seu depoimento:
“Tive momentos em que me senti uma ‘fraude’, principalmente quando assumi o papel de CEO, mas aprendi a me importar menos com o que pensam de mim.”
“Não tenha medo de perguntar o que você não sabe, o mundo precisa de líderes mais vulneráveis.”
“Algumas empresas vivem muito além de seus fundadores. Estou tentando criar algo maior do que fui como celebridade.”
Assim, Gwyneth definiu bem o conceito de tecnologia + humanismo presente no festival.
Muito além das tecnologias, startups e inovações apresentadas no SXSW, os conceitos difundidos são os mais importantes, pois influenciarão nossos negócios, consumo e o dia a dia no futuro bem próximo. Portanto, é bom ter em mente algumas lições aprendidas.
Não há tecnologia, gadget ou rede social que substitua as habilidades e experiências técnicas e de relacionamento. Desta forma, o fator humano deve ser cada vez mais valorizado, tanto nos negócios quanto nas relações sociais.
A geração Z está aí, a todo vapor. São os adolescentes e jovens adultos de hoje, e serão responsáveis por 40% de todos os consumidores até 2020. Com a imensa difusão de novos modos de se comunicar e acesso amplo à internet, eles já estão liderando uma nova tendência: a dos microinfluenciadores digitais, que são mais assertivos e mais ágeis.
Assim, os métodos de publicidade, que já estão mudando, vão realmente virar a página e ir para um próximo nível. Levantamentos mostram que 92% dos consumidores acreditam que as recomendações de um influenciador são mais autênticas do que um anúncio. Assim, as marcas mais antenadas já estão humanizando suas campanhas de marketing com esses líderes de opinião.
Então, como será o marketing de influenciadores em 2025?
Estudo de 2018 mostrou que apenas 9% da geração Z usa o Facebook, preferindo outras redes. O panorama então é que uma rede de microinfluenciadores substituirá os embaixadores de uma única marca, e a obtenção da autenticidade se tornará prioridade máxima.
Atualmente temos em mãos um “potluck”, um “pote de sorte”, pois, pela primeira vez, em muitos ambientes corporativos, educativos e sociais, temos cinco gerações atuando ao mesmo tempo. Às vezes pode parecer confuso e conflituoso, mas é uma grande oportunidade de aprendermos uns com os outros. A troca entre a sabedoria intergeracional é o último acordo comercial futuro no local de trabalho. Essa nova colaboração pode assumir a forma de “mentoria mútua”.
Brian Chesky experimentou os benefícios deste acordo comercial enquanto atuou no Airbnb como diretor de Hospitalidade e Estratégia Globais. “Dos meus colegas mais jovens, aprendi a amar os documentos do Google e criar uma conta no Instagram, mas, mais importante, aprendi a viver a minha vida de forma mais aventureira, pois essa geração está mais focada em ser ‘voltada para o mundo’ e ‘experimentar o mundo’ do que subir a escada corporativa”, disse ele.
O setor de Recursos Humanos está passando por uma transformação massiva. Novos aplicativos, sites, soluções e software surgem todos os dias, todos prometendo um mundo mais eficiente. Esse é o lado positivo. O lado negativo – ou, pelo menos, novo – é o surgimento de tecnologias “Terminator”, incluindo IA e bots. Até que ponto esses sistemas inovadores deixarão de ser úteis e começarão a deslocar os humanos?
O processo inicial será feito todo por IA, mas o restante do processo ainda precisa dos humanos. As pessoas têm uma conexão mais profunda com uma história quando veem o toque humano. Os consumidores estão interessados em como as coisas são feitas e quem fez algo. Não à toa, experiências e vivências – como viagens, prática de esportes e trabalhos voluntários – já são encarados por muitos RHs como tão válidos quanto especializações ou MBAs.
O Uber puxou o fio do novelo, outros aplicativos vieram no arrasto. O já quase antigo serviço de táxis passou por um terremoto e teve que se modernizar para competir com plataformas de mobilidade urbana que ficam na palma da mão dos usuários, por valores mais acessíveis. Agora já temos bicicletas e patinetes sendo disponibilizados em várias cidades. O que virá em seguida? A conquista do ar, com um futuro como o do desenho animado “Os Jetsons” e trânsito controlado por IA. A Embraer X, aceleradora voltada a desenvolver inovações em “táxis voadores” para servir como Ubers aéreos, contou com uma sala exposições própria na SXSW e apresentou o painel “Mobility, Reimagined: Co-Designing New Futures”, que explorou o papel que a experiência do usuário desempenha na construção do futuro da mobilidade acessível para todos.
Isto já está acontecendo, temos informações nossas espalhadas por todos os cantos. Nossos próprios smartphones já sabem sobre nossas preferências e gostos, o que dizer de grandes corporações e governos, que coletam dados via APPs, cadastros e diversas tecnologias de reconhecimento? A futurologista Amy Webb abordou esse tema, mas pontuou como positivo o fato de que essas tecnologias, no fim, acabam facilitando diversos processos e transações do dia a dia.
Confira na semana que vem alguns destaques de inovação e tendências que presenciamos no festival.
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