O que está pegando na pecuária de corte

Roberto Grecellé

Coordenador estadual de pecuária de corte do SEBRAE RS.

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Tendências, necessidades e obrigatoriedades são elementos que têm regido o dia a dia da produção agropecuária. Não sei se você já se deu conta, mas o produtor rural não é totalmente dono do seu sistema de produção. A maneira como ele opera obedece a uma série de mandamentos e influências externas, que ditam o rumo a ser seguido.

De forma didática é possível destacar o mercado e o governo como os principais elementos externos. E não que isso seja um fator negativo, apenas são imposições e necessidades que, convenientemente, o produtor deve atender. Desde que não sejam feitas imposições absurdas e uso excessivo e desmedido de poder, tudo isso deve ser visto pelo produtor rural moderno como uma possibilidade de crescimento, chances reais de aumentar seus rendimentos com a atividade e possibilidades concretas de ganho em competitividade.

Vejamos alguns desafios para o produtor do futuro.

 Produtividade

O que acelerou a corrida pelo aumento de produtividade da pecuária foi a demanda por mais alimentos (população brasileira e mundial cresce de maneira significativa) e a competição por área com outras atividades. O resultado dessa disputa: os melhores e mais valorizados solos ficam para os cultivos agrícolas, restando para a pecuária as áreas mais marginais, com solos que variam de baixa a média fertilidade. Ser eficiente nesses espaços requer investimentos. É um grande equivoco adotar uma postura extrativista, sem investimentos. No mínimo, o produtor deve repor a quantidade retirada de nutrientes do sistema pastoril. Manejo de carga animal, controle do pastejo e adubação contribuem significativamente com a qualidade físico-químico-microbiológica dos solos. O aumento de produtividade passa por gestão e investimentos nesses elementos.     

Rentabilidade

Para alguns produtores parece impossível lucrar mais dentro da sua atividade. Nobre engano! O aumento de rentabilidade é uma consequência quase automática do aumento da produtividade. Coloco “quase” porque em alguns casos pode ocorrer o aumento considerável dos custos de produção, onerando o sistema e, potencialmente, reduzindo margens. O pecuarista na posição de gestor do negócio deve estar atento a essa possibilidade e, neste sentido, pode contar com dois importantes indicadores: qualidade da despesa e retorno do investimento.

Responsabilidade socioambiental e bem-estar animal

A forma como os produtores rurais e os seus rebanhos se relacionam com o meio ambiente foi tema de muita discussão nos últimos 15 anos. Pressão externa da comunidade europeia, embate de algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs), rivalidade equivocada entre radicais, governo e seus órgãos de controle. Sobre o bem-estar animal: ontem uma sinalização, hoje uma tendência e amanhã uma obrigatoriedade. O produtor precisa ficar sintonizado com esse importante tema, que promete embasar o mercado internacional de alimentos.

Qualidade de produto e conhecimento de mercado

E para fechar, talvez o assunto mais batido de todos. “Isso é mais velho do que andar pra frente”, o mercado quer qualidade, hoje e sempre. E o melhor, está cada vez mais pagando por essa qualidade. Produzir o demandado. Ofertar novidades e customizar produtos que acertem em cheio a satisfação das pessoas.

Então é isso! Vamos adiante. A necessidade de operar de forma ajustada é uma condição básica. Definitivamente, não estamos em época de desperdiçar recursos. Fazer os devidos ajustes e guiar a propriedade pecuária pelos caminhos da técnica e da gestão conduzirá o empresário do campo ao sucesso.

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