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Roberto Grecellé
Coordenador estadual de pecuária de corte do SEBRAE RS.
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Se depender dos atores da cadeia, principalmente aqueles que representam a comercialização de animais, eles sempre vão “puxar brasa para o seu assado”, defendendo suas posições a partir da forma como enxergam os mercados. Por isso é importante que o produtor rural, na condição de vendedor, se cerque do maior número de informações possível e tenha claro seu foco produtivo e comercial. Estamos na era da especialização mercadológica. É aí que estão as melhores possibilidades de remuneração.
Ao analisar o mercado de boi gordo é oportuno que se considere que, a priori, animais vivos são comercializados obedecendo à lógica de oferta e demanda. São produtos “commoditizados”, que têm seus valores estabelecidos diariamente, de acordo com estoque das indústrias, oferta de lotes prontos, demanda do atacado e demanda do varejo, entre outros.
Indo ao ponto, quando a oferta de boi é densa e as escalas de abate ficam repletas (por mais que se fale em ociosidade constante no parque fabril do Rio Grande do Sul), os preços pagos ao produtor tendem a ser pressionados para baixo, causando a insatisfação daqueles que precisam se remunerar e permanentemente alimentando a expectativa de valores sempre crescentes. E essa foi a máxima que dominou o mercado nas últimas décadas; ora o boi em alta, ora o boi em baixa, variando precificação conforme os ventos da oferta e demanda.
Porém, desde 2013 (de forma mais marcante) teve início um movimento de saída de animais vivos do RS para outros Estados e países. Dessa forma, ganha força um novo canal de comercialização na pecuária gaúcha: a exportação de animais em pé. Lotes e mais lotes de animais de qualidade diferenciada, que até então eram na totalidade direcionados ao abate interno, passaram a ser disputados com operadores de mercado a serviço do mercado externo.
Fechamos 2017 e iniciamos 2018 falando das oportunidades e desafios do mercado do boi vivo. Seja pelas vias rodoviárias ou marítimas, uma parte da “nata do boi gaúcho” tem saído rumo a diversos países, sobretudo a Turquia. Assim, “meu boi foi pro navio” começou a frequentar o linguajar de produtores, nos mais longínquos rincões. Sempre nesses comentários percebe-se a nítida satisfação do produtor rural por ter conseguido obter preços ligeiramente mais elevados do que os que estavam sendo pagos na sua região. E isso é um fato totalmente relevante, afinal, quem não quer ganhar mais dinheiro a partir de uma boa venda? Neste cenário de livre concorrência, em que os produtores ficam felizes e os exportadores se realizam enchendo caminhões e navios para satisfazerem consumidores que demandam carne de qualidade, aqui no Rio Grande do Sul a insatisfação fica por conta do elo industrial. Tamanha preocupação que faz com que manifestações se repitam buscando que entidades de classe e o governo se posicionem de forma a regular essa saída de animais vivos.
Porém, estamos no século 21, na era da globalização, onde a cada dia ganham mais força as teses em favor do livre mercado e da concorrência estabelecida, com uma tendência exatamente oposta, buscando a redução das forças público-governamentais como reguladoras do mercado. Sendo assim, esta não parece ser uma demanda fácil de ser atendida.
Por fim – pois afinal esta é uma discussão longa –, vale deixar registradas algumas sugestões ao produtor quando for decidir que rumo tomarão os produtos do seu sistema produtivo.
Valorize seus parceiros comerciais e o seu histórico de relacionamento de compra e venda, seja ele direto com indústrias, corretores ou outros canais. Avalie bem cada oferta, lembrando sempre de valorizar este histórico, para evitar colher apenas centavos temporários. Este é um cuidado muito importante quando estão em jogo o fortalecimento e a perenidade de canais de comercialização.
Por consequência, evite fazer mudanças custosas e que demandem grandes esforços para atender ofertas temporárias e pouco portadoras de futuro. Não se mudam raça, sistema de alimentação e rotinas produtivas para satisfazer compradores que podem ser passageiros (canais com grande risco de fecharem). Pelo contrário, é sempre oportuno direcionar o sistema produtivo de cada propriedade para que seja produzido um tipo de animal que caracterize um produto com especificações mercadológicas. Passamos da época de produzir boi e rifar no mercado, como se fosse possível com um só tipo de novilho atender diferentes e multivariados mercados. Esta é uma mensagem de foco e coerência, que requer uma análise criteriosa e constante de mercado.
E o mais importante; tenha seu sistema produtivo planificado. Só assim o produtor terá clareza e direcionamento de quando terá seus lotes prontos, quais as características definidas do seu rebanho e quais os potenciais compradores de uma mercadoria que foi produzida com muito trabalho, investimento e que, portanto, precisa deixar uma boa fatia de lucro no seu bolso.
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