Biogás pode ser fator de diferenciação e competitividade

Fabiano Cislaghi Dallacorte

Coordenador estadual do Metalmecânico e Energia do SEBRAE RS.

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O biogás é um combustível cuja grande vantagem é ser renovável e ao mesmo tempo tratar os resíduos orgânicos, transformando o passivo ambiental em um ativo. Esse ativo tem valor econômico agregado e pode ser um ativo energético, que é o próprio biogás, e podem ser suas aplicações elétricas, como o biometano, pode ser o CO₂ – que tem valor de mercado, como pode ser também o biofertilizante. A análise é de Rodrigo Regis de Almeida Galvão, diretor-presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás) e integrante da Agência Internacional de Energia (AIE).

Outra vantagem é a de criar condições para aumentar a competitividade do agronegócio, porque para este expandir é preciso resolver os problemas ambientais, garantir uma destinação correta para os resíduos gerados e é preciso energia. O combustível utilizado no transporte e logística também é necessário. Sendo assim, o biogás tem uma contribuição muito grande para dar competitividade ao agronegócio brasileiro.

O biogás também traz desenvolvimento regional porque pode gerar uma nova economia em sua área de influência, pode resolver os problemas do agronegócio e, com isso, gerar economia na região, consequentemente gerando novas oportunidades, por meio de empresas que vão gerar emprego e renda.

Apesar de todas essas vantagens, o uso de biogás como gerador de energia representa apenas 0,05% de nossa matriz energética. Segundo dados do Cadastro Nacional do Biogás, mantido pelo CIBiogás, em 2015 existiam 127 unidades no Brasil que produziam energia a partir de biogás com uma produção aproximada de 1,6 milhão de m³ de biogás/dia. Das unidades em operação, 47% utilizavam substratos da agropecuária e 34% substratos da indústria. No entanto, em relação à quantidade de biogás produzido para fins energéticos, 43% são provenientes de aterros sanitários, 29% de substratos da agropecuária e 22% da indústria.

Já dados da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás) demonstram que o potencial para geração no Brasil é de 70 milhões de m³/dia:

• 6 milhões de m³/dia são do setor de saneamento;
• 14 milhões de m³/dia são do setor de alimentos;
• 50 milhões de m³/dia são do setor sucroenergético.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, o BiogasMap da CIBiogás (https://cibiogas.org/biogasmap) identificou 10 unidades de produção com aproveitamento energético em operação. Juntas elas produzem 71.070 m³ de biogás por dia com aplicações térmica, elétrica ou veicular. As três unidades em construção apresentam um potencial de produção de 342 mil m³ de biogás por dia. Esse aumento é reflexo de uma tendência nacional de desenvolvimento do setor.

Apesar do crescimento previsto, o potencial do Rio Grande do Sul é muito superior. O Atlas da Biomassa, publicado em 2016 pela Secretaria de Minas e Energia, Sulgás e Centro Universitário Univates, estima um potencial de produção de biogás em torno de 9 milhões de m³/dia.

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