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Fabiano Cislaghi Dallacorte
Coordenador estadual do Metalmecânico e Energia do SEBRAE RS.
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A quarta revolução industrial, conhecida como Indústria 4.0, chamada também de manufatura avançada, propõe a integração de toda a organização, desde o atendimento aos clientes, passando pelo processo de fabricação, até a entrega. Mais do que isso, o conceito integra toda a cadeia de suprimentos de forma digital na busca pela máxima produtividade. Um dos componentes do conceito da manufatura avançada é a manufatura aditiva, que podemos traduzir como a adição de material na produção de um objeto. Esse processo é antagônico ao processo de manufatura subtrativa, que tem como exemplo o processo de usinagem, onde se retira material de uma peça, gerando resíduos e perdas. Para finalizar com o mistério: a manufatura aditiva é popularmente conhecida como impressão 3D.
O local comum da impressão 3D nas indústrias são os laboratórios de desenvolvimento de produtos. A prototipagem rápida permitida pela impressora 3D dá velocidade na pesquisa e desenvolvimento e baixa o custo de pré-produção quando comparado aos métodos tradicionais. Mas esse processo tende a, cada vez mais, ganhar espaço nos ambientes de produção. Pensando pela lógica da perda de material, a impressão 3D tem um fator competitivo. A otimização da utilização de material no processo produtivo reduz custos e aumenta a competitividade do produto. Por outro lado, a velocidade de produção reduzida quando comparada à produção seriada em um sistema de produção tradicional, por enquanto não é competitiva o suficiente para grandes volumes de produção.
Esse trade-off entre velocidade e flexibilidade está diminuindo com o aumento da tecnologia. Utilizar sistema de manufatura híbrida, com a usinagem somada à impressão 3D, pode ajudar a criar peças com ligas nobres, de custo elevado, na quantidade exata para serem acabadas com a mínima retirada de materiais possível, gerando menos perdas. Hoje existem máquinas que combinam os dois sistemas e tornam o tempo de setup mais curto, provendo maior produtividade.
À medida que a manufatura aditiva vai sendo implementada, novos caminhos surgem para a logística e a disponibilidade de produtos diretamente para o cliente final. Um varejista de peças e componentes para a indústria automotiva, por exemplo, poderá ter uma impressora 3D no ponto de venda e, literalmente, imprimir a peça inteira, eliminando desde a produção na indústria até a distribuição, processo logístico e armazenagem. Por outro lado, uma indústria que produz conjuntos montados poderá fabricar peças customizadas que antes eram produzidas por outro fornecedor.
Esse cenário pode ser o mais transformador para a cadeia de suprimentos. No momento em que a empresa demandante de uma peça passa a fabricá-la por meio da manufatura aditiva, o fornecedor precisa mudar o seu modelo de negócios. Conhecedor das características necessárias para a competitividade do seu produto, esse fornecedor deixa de ser um supridor de itens e passa a ser um especialista em projetos de peças, vendendo não a fabricação da peça e sim o projeto, que será utilizado pela empresa demandante para a produção dos itens através da manufatura aditiva.
Partindo para uma visão apocalíptica da cadeia de suprimentos, ela se reconfigura a ponto de a empresa demandante ter em estoque apenas os polímeros e metais para a fabricação através da impressão 3D, com projetos fornecidos pelas empresas que dominam as características técnicas de cada componente para um produto final a ser vendido para o cliente. Cabe aos fornecedores, que são majoritariamente pequenas empresas, a reestruturarem e remodelarem seu modelo de negócio pensando em uma nova configuração da cadeia de suprimentos.
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