Desafio para indústria e varejo gaúchos

Tatiane Alves

Integrante do time da Compassing - Projetos com Design

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A moda é um dos segmentos produtivos mais significativos no Brasil. O volume de negócios e seu consequente impacto econômico e social atestam esta expressividade. As diferentes cadeias que integram o segmento, juntas, como indústria e varejo, posicionam o País entre os maiores mercados consumidores de vestuário, calçados, acessórios, cama, mesa e banho do planeta.

O Rio Grande do Sul está presente neste cenário. Um expressivo número de marcas coloca no mercado produtos com ótimo grau de acabamento, que não deixam nada a desejar quando contrapostos a itens importados de outras unidades da federação e mesmo do exterior.

Uma das características comuns a todos os produtos do segmento da moda, independentemente da sua origem geográfica, é que atualmente seus consumidores constroem suas necessidades em cima daquilo que absorvem nas redes sociais, sites e blogs. Portanto, assim como os demais consumidores, o gaúcho recebe pela internet a maior parte das informações sobre tendências e novos comportamentos.

Posicionar indústria e varejo

Do ponto de vista da indústria e varejo de moda no nosso Estado há um grande desafio. Como se posicionar de forma a destacar-se diante de concorrentes que disputam o mesmo perfil de clientela? Como oferecer algo para um público que está cada vez mais informado e exigente?

Para o varejo, em primeiro lugar é preciso aceitar o fato de que hoje certos cuidados não são mais vistos como diferenciais pelo consumidor, mas sim como “o mínimo que se espera”. Um site bem construído e responsivo, por exemplo. Ou um atendimento rápido e eficiente nas redes sociais da marca.

Depois, ter a consciência de que para desenvolver um produto bem-sucedido não basta apenas conhecer os hábitos de vida e de consumo do seu público-alvo. É preciso integrá-lo ao lifestyle do consumidor e simultaneamente oferecer experiência de compra.

Para a indústria o raciocínio é o mesmo. Seguir as tendências ditadas pelo calendário da moda, oferecer um bom acabamento e uma boa modelagem não são diferenciais. São pré-requisitos básicos para estar no mercado.

Quando fabricantes não vão além dos três pontos citados anteriormente acabam abastecendo o mercado com produtos semelhantes, sem personalidade. Isso torna a concorrência monótona e afasta o consumidor, que acaba indo buscar opções em outros lugares.

Nesse caso o desafio está em desenvolver coleções com conceitos bem definidos, que se enquadrem nas tendências do momento e que, simultaneamente, expressem a identidade da marca.

Além disso, antes de desenvolver um produto, a indústria precisa conhecer de antemão as causas do sucesso ou fracasso de um modelo em determinada região e obter informações sobre o perfil dos lojistas que compram o artigo que se pretende vender. Sem esse conhecimento fica praticamente impossível fundamentar decisões sobre o desenvolvimento das coleções seguintes.

Portanto, nos dois casos é importante entender que o consumidor atual, que está em uma busca constante por novidades, quer encontrar algo com o que se identifique, que simbolize, mesmo que sutilmente, sua visão de mundo. Assim, gradualmente ele está mais atento tanto a fatores concretos, tais como a procedência dos produtos e o impacto ambiental da sua fabricação, quanto a fatores intangíveis: se a empresa tem um propósito que esteja alinhado com suas expectativas.

Embora seja notório o conservadorismo do consumidor gaúcho, é preciso lutar para romper o discurso já estabelecido de que “o que é de fora é melhor”. E certamente o melhor caminho para convencer este consumidor a valorizar a produção local passa pelo reforço da identidade de marca.

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