Boas práticas sustentáveis no turismo brasileiro

Alexandre Garrido

Sextante Consultoria | Coordenador da Comissão de Estudo de Turismo Sustentável e do Grupo de Trabalho da ISO sobre Turismo Sustentável

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O turismo brasileiro está repleto de boas práticas sustentáveis. Elas estão nos meios de hospedagem (hotéis, pousadas, hotéis-fazenda, resorts, etc.), nas operadoras e nos destinos com uma série de iniciativas de turismo de base comunitária e de desenvolvimento do turismo em áreas de conservação ambiental, entre outras.

Em termos de gestão da sustentabilidade, os meios de hospedagem têm avançado na redução dos impactos negativos gerados, sejam estes ambientais, sociais ou econômicos, ou ainda no aumento os impactos positivos que também fazem parte das atividades turísticas.

Para uma empresa ser sustentável o melhor caminho é o da gestão da sustentabilidade. Isso porque gestão é antes de tudo tomar decisões, escolher caminhos, controlar o que acontece e principalmente estabelecer objetivos para realizar esses objetivos. Essa abordagem permite às empresas gerenciar a complexidade da sustentabilidade e contribuir ao mesmo tempo com o desenvolvimento sustentável do turismo. Mas o mais relevante, especialmente para os pequenos e médios meios de hospedagem, é que adoção de práticas de gestão da sustentabilidade os torna mais competitivos e viáveis.

É fato que a sustentabilidade de um hotel ou de uma pousada depende do contexto: da localização geográfica e condições existentes, das tecnologias disponíveis, dos tipos de atividades desenvolvidas, das relações entre os mais diversos atores, entre outras questões. Assim, nem todas as práticas sustentáveis aplicadas em empresas diferentes, de portes diferentes ou instaladas em locais diferentes produzirão o mesmo resultado.

Também é importante perceber que muitas das práticas sustentáveis dependem de vários atores. Quando pensamos em um hotel, tais práticas dependem dos gestores, dos colaboradores, muitas vezes dos hóspedes, dos fornecedores, do poder público e até da comunidade local.

Boas práticas em ação

Vamos ver um exemplo prático de boas práticas: um hotel que consome 200 litros de água por cada hóspede pode estabelecer um objetivo de reduzir esse consumo em 10%, ou seja, passá-lo para 180 litros de água por hóspede. São 20 litros a menos por hóspede por noite, o que para um Hotel que recebe 10 mil hóspedes por ano poderá ser bastante significativo.

Para fazer isso o hotel pode tomar uma série de medidas como instalar redutores de água nos chuveiros, captar água da chuva e usá-la para lavagem as instalações, estimular os hóspedes a não lavar as toalhas de banho e roupas de cama diariamente, conscientizar e treinar os colaboradores na lavagem de utensílios de cozinha e na limpeza dos quartos ou regular o nível da água das caixas sanitárias. Ao escolher esta linha de atuação, o hotel está simultaneamente contribuindo com a preservação de água existente para a comunidade local, reduzindo seus custos operacionais e conscientizando colaboradores e hóspedes.

Neste pequeno exemplo já se percebe a relevância da gestão das boas práticas sustentáveis, imagine agora implementar isso para energia, consumo de alimentos, geração de resíduos, consumo de produtos químicos, de óleo diesel, só para ficar na dimensão ambiental da sustentabilidade.

E podemos ir além: se em determinado destino a maioria as empresas (hotéis, pousadas, bares, restaurantes, comércio, atrativos turísticos, etc.) adotarem a gestão da sustentabilidade, isso poderia transformar o turismo! Você não acha?

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