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Saúde suplementar acha oportunidades em meio à crise

atualizado em: 18/09/17
Ana Paula Rezende

Ana Paula Rezende

Coordenadora Estadual da Saúde do SEBRAE RS

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Um movimento bastante frequente das seguradoras é investir em prevenção e monitoramento de doenças crônicas, que a médio e longo prazo desencadeiam altos custos.

A crise econômica que o Brasil tem passado nos últimos anos faz com que diversos negócios precisem se reinventar. Não é diferente para os empreendedores que atuam na saúde suplementar. Planos de saúde e seguros privados de assistência médica estão se esforçando para criar modelos de negócios menos onerosos a longo prazo. Com uma estrutura bem pensada e custos racionalizados, é possível aproveitar as oportunidades que surgem mesmo quando o mercado se torna complicado.

De acordo com a administradora e especialista em Tecnologia e Informação em Saúde Ruth Dornelles, o país passa por um momento atípico. A principal receita dos planos vem das categorias empresariais, que são contratados para atender aos trabalhadores. As opções familiares, por ter uma procura menos acentuada, não são vistas pelas instituições como negócios prioritários. O problema é que em 2016, com as inúmeras demissões e baixa nos lucros das empresas, os cancelamentos se tornaram mais frequentes. Esses planos acabaram não sendo repostos e os níveis de inadimplência dos que permaneceram se tornaram maiores. “Muitos beneficiados migraram do plano privado para o Sistema Único de Saúde (SUS). E não foi apenas o funcionário que ficou sem assistência, mas também os seus familiares. A saúde suplementar teve um baque nas receitas e ainda não temos a total dimensão do que irá ocorrer em 2017”, analisa.

Estratégias para vencer a crise

Para Ruth, mesmo com a crise que identifica, é possível estabelecer boas estratégias para virar o jogo. Um movimento bastante frequente das seguradoras é investir em prevenção e monitoramento de doenças crônicas, que a médio e longo prazo desencadeiam altos custos. “Se uma enfermidade está mais controlada e tratada, é possível que o beneficiário necessite menos de procedimentos mais complexos. Com menos usuários nos serviços, os planos podem melhorar a sustentabilidade do negócio”, explica.

Outra estratégia que vem dando certo é a redução das redes credenciadas, fazendo com que as seguradoras foquem em criar estruturas de atendimento e centros de tratamento próprios. Com isso, o paciente tende a gastar dentro do ambiente da própria empresa, onde os custos são mais controlados, diferentemente do credenciamento de clínicas e hospitais externos, que é mais oneroso.

O uso da telessaúde tem ajudado a modernizar os serviços e a dar mais capacidade de atendimento aos profissionais com melhor qualificação. “O uso dessa tecnologia já é bastante utilizado no SUS, mas vendo sendo agora virando prática do setor privado. É uma forma de melhorar o relacionamento com os clientes”, diz. Na telessaúde, médicos com alto nível de especialidade ficam disponíveis para consultas por profissionais generalistas e podem auxiliar nos diagnósticos.

Os planos também vêm buscando novos modelos de gestão de pagamentos da rede. Entre eles, a remuneração por performance em vez de por atendimento. “Esse é um modelo que remunera os locais de acordo com a qualidade do serviço prestado e não por tabela. Atualmente, se cobra por cada seringa utilizada. O pagamento deveria levar em conta se o problema do paciente foi de fato resolvido, se o atendimento gerou uma cirurgia desnecessária, entre outros elementos”, afirma.

Crescimento de clínicas populares aquece o setor

A administradora Ruth Dornelles identifica que a criação de clínicas e planos populares tem aquecido o setor. “Grandes players estão trabalhando com isso. Não faz mais parte do orçamento das famílias pagar R$ 800 por um plano que você não sabe quando vai usar”, explica. De acordo com ela, as áreas de odontologia, implantodontia e ortodontia são as mais desenvolvidas.

As clínicas populares oferecem consultas com preços mais baratos do que os praticados na média do mercado. “O desafio é a remuneração de médicos. Precisamos garantir que eles sejam bem pagos e ao mesmo tempo chegar em um preço que seja pagável pelas classes populares. Fizemos uma análise recente e percebemos que tem sido mais difícil encontrar pediatras e obstetras com disponibilidade de atendimento”, pontua.

Oportunidades também são encontradas no fornecimento de insumos para hospitais e clínicas, como lençóis para internação, seringas, esparadrapos e materiais para exames. “Os hospitais estão cada vez mais se organizando em redes para fazer aquisições mais baratas e negociar valores e formas de pagamento. É uma ótima chance de começar a unir e enfrentar a crise”, finaliza.

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