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Pedro Brites Pascotini
Coordenador Estadual de Olivicultura e Grãos e sistemas integrados do SEBRAE RS
O mercado e a produção de azeite de oliva nacional começaram a se formatar muito recentemente. Mesmo assim, o produto brasileiro de qualidade já é reconhecido por consumidores e especialistas. O país é o segundo maior importador no mundo, e sua produção ainda é muito pequena – o produto nacional representa menos de 1% do que é importado, e não há exportações. Para especialistas como Estela Testa, CEO América Latina da Pieralise do Brasil – empresa especializada em equipamentos para a extração do óleo de oliva –, o País não pode cometer o “pecado” de substituir seus azeites de qualidade por azeites importados simplesmente para atender a um crescimento superior da demanda desse novo mercado criado pelos próprios produtores. “Temos que ter o cuidado de coordenar o crescimento do mercado consumidor com a produção nacional”, alerta.
O mercado internacional está em alta na produção e no consumo. A demanda por azeite extra virgem tem crescido nos últimos anos em um ritmo muito maior do que a produção, especialmente em países que não têm tradição na olivicultura. De acordo com Estela, EUA, Austrália, Chile, África do Sul, China e Brasil demonstram que é possível produzir azeite extra virgem de qualidade fora da Europa e conquistar seus mercados internos aos poucos. No panorama nacional, a produção deve ter bom incremento em 2018, apesar das geadas no Rio Grande do Sul, com compensação da produção no Sudeste (Minas Gerais e São Paulo). A expectativa é de que a safra de 2018 produzirá 150 mil litros de azeite extra virgem, superando a safra de 2017 em 42%. Porém, essa quantidade não supera 1% do consumo interno. O Rio Grande do Sul é destaque, onde tanto a produção de mudas como o aumento de área plantada vêm registrando recordes, com 800 hectares plantados em 2017, e realizando também a substituição de lavouras, principalmente de castanhas.
Na avaliação de Estela, como grande mercado, mas ainda jovem, o Brasil é ideal para ser treinado e capacitado a aumentar o consumo de bons azeites, fomentando o consumo do produto nacional. “Por sua pequena produção, o azeite feito no país tem alto grau de qualidade. O resultado se dá em azeites frescos, com alto conteúdo de polifenóis (antioxidantes) e que vêm conquistando grandes premiações internacionais. A receptividade do consumidor é muito boa em relação ao azeite nacional, o que faz com que muitos produtores não consigam dar conta de atender a toda sua demanda”, diz.
Este também é um mercado para micro e pequenos empreendedores, segundo a especialista. No Rio Grande do Sul e na Região Sudeste existem investidores de todos os portes na produção e na comercialização. Em sua maioria são investidores que possuem outra fonte de capital e que acabam incentivando e fornecendo suas plantas para a extração dos pequenos produtores, que sentem-se seguros sem a necessidade inicial de investir em sua indústria até que o seu negócio prospere.
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