Criando valor compartilhado na cadeia produtiva

Roger Scherer Klafke

Coordenador Estadual de Alimento e Bebidas do SEBRAE RS

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Na cadeia produtiva de alimentos e bebidas, cooperar e gerar negócios sustentáveis para diversos elos e para a sociedade são pontos centrais para gerar desenvolvimento. Especialistas como Porter e Kramer reforçam a necessidade de consertar o capitalismo para que seja possível inaugurar uma nova era de crescimento. Alertam que antigos modelos de crescimento têm se mostrado ineficientes e que as dificuldades econômicas dos mercados mais evoluídos são um sinal de aviso para mudarmos o rumo. Eles destacam que em grande parte os problemas atuais foram gerados pelas próprias empresas, que entram em um círculo vicioso, presas a uma abordagem de geração de valor ultrapassada, que prioriza o resultado financeiro de curto prazo, ignorando as necessidades dos clientes e o esgotamento dos recursos naturais – ambos pontos vitais para qualquer negócio.

Na visão dos autores, as empresas devem liderar o processo de união entre a atividade empresarial e a sociedade, tendo como solução para os problemas atuais o princípio do valor compartilhado: gerar valor econômico criando também valor para a sociedade, conectando o sucesso da empresa ao progresso social. Valor compartilhado não é filantropia ou responsabilidade social. Transcende a visão de sustentabilidade e pensa em uma nova forma de obter sucesso econômico. Não é algo que está à margem da atividade principal da empresa; está no centro.

A ideia de gerar valor compartilhado nos inspira a olhar com mais atenção as relações existentes nas cadeias produtivas e como podemos desenvolver as regiões onde as empresas estão inseridas. O desenvolvimento de uma região está intimamente ligado à criação de um ambiente favorável aos negócios, e o desenvolvimento de uma cadeia produtiva acontecerá se em determinada localidade houver apoio e cooperação entre poder público, sociedade, entidades de pesquisa, universidades e organizações empresariais.

O Rio Grande do Sul é reconhecido nacionalmente por produzir alimentos e bebidas de qualidade. Devemos unir esforços para facilitar o fluxo dos produtos e valorizar e difundir amplamente os produtos regionais de alto valor agregado. Precisamos criar e divulgar exemplos bem sucedidos que ajudem a fortalecer a cooperação e a integração, garantindo a sustentabilidade dos pequenos negócios nessa cadeia produtiva. É urgente a aproximação entre cozinheiros, pequenos produtores, agroindústrias, mercadinhos, consumidores e o poder público para proporcionar que a ideia do valor compartilhado de Porter e Kramer aconteça na prática, gerando sucesso para as empresas e progresso social.

Junto a isso, o turismo e a tecnologia podem dar força e velocidade ao processo de geração do valor compartilhado. No entanto, fica claro que não podemos perder o foco na geração de melhores resultados para empreendedores e que devemos ampliar a nossa visão sobre como conciliar o desenvolvimento empresarial, as necessidades dos consumidores e o esgotamento dos recursos naturais.

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