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Roberto Grecellé
Coordenador estadual de pecuária de corte do SEBRAE RS.
A pecuária de corte do Estado do Rio Grande do Sul tem conquistado importante espaço no mercado nacional da carne de qualidade. Com significativa trajetória, numa pecuária que tem dois séculos como atividade comercial, a criação de bovinos de corte para produção de carne tem demonstrado importantes avanços, a destacar: o nível genético do seu rebanho, a redução da idade média de abate e a taxa de desfrute dos rebanhos.
No quesito racial, sempre tivemos aqui um rebanho de “casco taurino”. Antes, rebanho formado por um variado número de raças, todas elas buscando sempre um mercado comum: o mercado de carne de qualidade. O problema é que quando se tem muitas raças, fica posto o desafio de formar lotes homogêneos para os frigoríficos. Animais de raças diferentes produzem carcaças diferentes, o que representa um elemento a mais no desafio da desejada padronização de carcaças e peças de carne. Considere-se ainda que este variado número de possibilidades raciais deu origem a cruzamentos entre si, o que nem sempre ocorria de forma organizada e com critérios técnicos. Tivemos o que era comumente denominado de “miscigenação racial”.
Mas hoje o patamar é outro. Houve uma grande “britanização” do rebanho. Orientado por competente trabalho das associações de raças e de criadores, é possível afirmar que o que se tem hoje no rebanho gaúcho é uma grande predominância de animais Angus, Hereford e Devon, e uma crescente participação de animais das raças sintéticas Braford e Brangus.
Por outro lado, a redução da idade média de abate e o aumento da taxa de desfrute são fenômenos produtivos, indicativos de eficiência produtiva. Ao levar animais cada vez mais cedo para o abate, encurtando os períodos de recria e engorda, combatemos um dos maiores males de um sistema pecuário: as categorias improdutivas. Desde sempre, manter na propriedade apenas animais que estão produzindo foi um norte técnico da eficiência dos rebanhos. Aumentando a proporção de animais que saem do sistema, seja pelo atingimento de idade e peso pré-determinados para abate, pelo descarte de animais improdutivos ou pela simples comercialização de animais como estratégia do sistema produtivo de cada propriedade, aumentamos a proporção de animais comercializados, que geram caixa e, portanto, contribuem com o aumento da taxa de desfrute comercial.
Dessa forma, esses três macrocomportamentos observados na pecuária gaúcha denotam avanços na cruzada pela produtividade. Mas ainda temos um bom caminho a percorrer. E isso não representa apenas um desafio, mas também uma bela oportunidade de desenvolvimento para o setor e o Estado.
Neste início de século 21 a pecuária vem conquistando importantes aliados nessa cruzada pela produtividade. Exemplos disso são a consolidação de técnicas produtivas, o avanço tecnológico de processos e produtos e a expansão dos cultivos agrícolas. Esta última em duas grandes vertentes, pois por um lado as áreas de lavoura são, em sua maioria, potenciais áreas para integração lavoura/pecuária, e também pela oportunidade de alguns resíduos agrícolas, que podem ser utilizados na suplementação estratégica dos rebanhos.
E o que está por vir? Quais são os próximos desafios? Para tornar os sistemas pecuários cada vez mais competitivos, precisamos ainda de um grande salto de produtividade. Seja por área, por animal ou por unidade financeira investida, a pecuária precisa entregar mais. Pela tendência de crescimento populacional, pelo número de pessoas com fome no planeta e pelo crescimento vertiginoso do mercado de carne premium, o consumo de carne bovina tem crescimento assegurado.
Cenário posto, inovação tecnológica, revolução digital, indústria 4.0 e startups estão aí para contribuir. Talvez sejam essas as vias que facilitarão esse caminho, contribuindo com o constante progresso desse importante setor, que de forma equacionada com ambiente, produz proteína de alto valor nutricional, emprega milhões de pessoas no País e contribui ano após ano com o PIB nacional.
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