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Roberto Grecellé
Coordenador estadual de pecuária de corte do SEBRAE RS.
Depois de tentativas frustradas de implantação de um modelo nacional obrigatório de rastreabilidade bovina, o Brasil avança no sentido de garantir origem de sua carne no mercado mundial. Com a adesão de associações de raças e frigoríficos ao sistema controlado pelo Ministério da Agricultura, os gaúchos têm a oportunidade de ver valorizadas no Exterior um dos grandes patrimônios de sua pecuária: a genética.
O Estado é o berço nacional da criação de raças britânicas, conhecidas e valorizadas mundialmente pela qualidade da carne, como Angus, Hereford e Devon. Os programas de certificação de carne já garantem valorização ao produtor de animais dessas raças, uma vez que o consumidor brasileiro paga mais pelo produto certificado. Com a adesão de associações de raças, bem como frigoríficos e produtores, à Plataforma de Gestão Agropecuária, em um sistema gerido pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil e controlado pelo Ministério da Agricultura, o Brasil começa a também exportar carne com selo racial. Ao mesmo tempo, atende a exigências internacionais de segurança alimentar e rastreabilidade – permitindo que, com o produto final em mãos, possa-se identificar sua origem.
Com isso, o país, maior exportador de carne do mundo como commodity, começa a embarcar carnes premium, com diferencial e valor agregado. O próximo passo é fazer os mercados internacionais descobrirem o que o brasileiro já descobriu: que o Brasil pode produzir carne de qualidade mundial.
– As raças britânicas caíram no gosto do público, e o mercado gourmet de São Paulo é um dos principais destinos da produção de carne, além de ser o que melhor remunera – diz Gedeão Pereira, vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
A produção de animais de raças britânicas, seja para cruzamento com outras raças europeias ou zebuínas ou para criação de rebanhos puros, costuma ter impacto positivo em indicadores como precocidade, qualidade da carne e produtividade. Ao mesmo tempo, tendem a garantir melhor remuneração, por meio dos programas de certificação. Por isso, produtores atendidos pelo Programa Juntos Para Competir, parceria de FARSUL, SENAR-RS E SEBRAE RS, recebem orientações de como aderir aos programas de carne de qualidade e protocolos de certificação e rastreabilidade, sempre que isso puder impactar positivamente no negócio. Se os benefícios da valorização no mercado interno já são sentidos, o início das exportações de carne com selo racial pode maximizar os ganhos e abrir novos horizontes para a pecuária gaúcha.
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