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Fabiano Bassani Zortéa
Coordenador estadual da Moda do SEBRAE RS.
Nem tudo que acontece no Brasil é devido a crise político-econômica. O mundo vive uma grande transformação que se reflete no mercado, na sociedade, nos comportamentos, na vida. Nos negócios da moda não seria diferente: tudo está conectado. Uma importante mudança neste nicho é a moda sem gênero, conceito que considera que o consumidor quer uma ampliação da liberdade de escolha em relação às peças que irá vestir, independente do gênero.
As marcas ainda consideram muito importante a divisão de peças masculinas e femininas, mas a nova geração de consumidores está sinalizando que não se importa mais tanto com isso. Penso que os consumidores querem algo mais simples: “eu gosto, eu compro, eu uso”. Sem maiores análises de gênero. Quando o mercado compreender isso por completo, veremos surgir lojas sem divisões na exposição das peças, sem separar o masculino do feminino.
O estilo sem gênero não é necessariamente inovador no mercado da moda, mas é uma tendência que esteve presente nos principais desfiles nos últimos dois anos. Mulheres estão se motivando a fazerem compras na seção masculina devido ao conforto oferecido pelas roupas. Camisetas com estampas e moletons para compor um look despojado e confortável estão entre as peças favoritas. Já os homens estão procurando calças mais justas, tipo skinny, por proporcionarem estilo e não necessitarem de ajuste na costura.
Esta tendência pode ser considerada um nicho de mercado. Algumas marcas já trabalham neste sentido, contribuindo para que crianças não cresçam com um padrão de moda pré-estabelecido, mas que possam ser livres para escolher o que irão vestir. A identidade de gênero é diferente de orientação sexual: está ligada a como determinada pessoa se identifica na moda perante a sociedade.
Já se pode observar vantagens voltadas para esse nicho de mercado. As lojas que expõem uma moda sem gênero conseguem otimizar o espaço físico porque não precisam de divisões para separar as roupas, reduzem os custos com estoque em função de utilizarem um mix mais enxuto e podem criar um e-commerce focado para este nicho, sendo mais relevantes para o grupo de clientes.
De forma geral, para atuar no mercado sem gênero o empreendedor precisa ter consciência que ele vai trabalhar com mercado de nicho, atendendo um público sofisticado, que busca referências internacionais constantemente. Talvez o principal desafio seja a modelagem, sobretudo com produtos de tecido plano. Possibilitar um bom caimento no corpo masculino e feminino, ao mesmo tempo, exige um profissional de modelagem que goste de ser desafiado.
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