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Roger Scherer Klafke
Coordenador Estadual de Alimento e Bebidas do SEBRAE RS
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De acordo com projeções das Nações Unidas, até 2050 teremos o acréscimo de 2,2 bilhões de pessoas habitando o planeta. A demanda por comida deve crescer, e mudaremos os hábitos de consumo. Crescimento econômico e mudança no estilo de vida associados à urbanização e ao livre comércio já mudaram o nosso perfil do consumo. Nos últimos anos, alguns países acessaram com mais facilidade produtos como leite, ovos e carne. O consumo de carne bovina na China cresceu de 15 kg por pessoa por ano em 1986 para 50 kg em 2016, e segue crescendo, mas ainda é baixo se comparando a países como os EUA, onde o consumo é quase o dobro. A demanda por alimentos dependerá de fatores que vão além do crescimento demográfico, distribuição da renda e mudança de hábitos.
Estudos sobre o consumo de proteína mostram que a demanda aumentaria em 78% se toda a população de 2050 atingisse os níveis de consumo observados hoje em países desenvolvidos, mas diferenças geográficas e culturais impactam essa teoria. Países como a Índia, com 29% de vegetarianos, não seguem esse padrão. No Japão o consumo de carne bovina é menor do que o potencial econômico (36 kg por pessoa por ano), culturalmente lá se consume mais frutos do mar.
Novos estilos de vida
Os brasileiros comem mais carne bovina e frango do que há dez anos. No futuro, uma mudança linear não é a mais provável, especialmente porque consumidores estão adotando novos estilos de vida. Jovens chineses falam em reduzir o consumo de carne, no Brasil o vegetarianismo está se tornando popular, e o número de flexetarianos (pessoas que limitam o consumo de carne) aumentou vários países. Como essas mudanças atraem muitos jovens, também pode haver uma transformação ligada à mudança de gerações. Bem-estar animal e o impacto ambiental da produção são mencionados como motivações para o comportamento dos vegetarianos.
Substitutos de produtos de origem animal estão próximos dos originais (críticos de gastronomia já se confundiram em testes cegos). A substituição se estendeu aos produtos lácteos (alternativas ao leite e derivados feitos com amêndoa, soja, coco, arroz, ervilha, etc.). Novas empresas surgiram para atender à crescente demanda por fontes alternativas de proteína como algas, insetos, proteínas vegetais e carnes de laboratório.
Carne de laboratório
Cientistas da Universidade de Masstricht cultivaram células musculares de gado, e algumas startups estão nessa linha, como a Memphis Meats, que produz almôndegas de carne de gado, de pato e de frango em laboratório. Em Israel, a Aleph Farms reproduz a estrutura da carne usando a tecnologia 3D. Essas empresas preveem a comercialização dos seus produtos até 2021, mas seguem preocupadas com a aprovação dos consumidores em relação a esse tipo de carne que é vista como “não natural”.
Apenas 7% dos consumidores franceses e 16% dos ingleses dizem que comeriam carne de laboratório. Nos últimos anos, muito foi investido em pesquisas para alternativas aos produtos de origem animal. Para evitar virar produto de nicho, esses produtos devem ter preço acessível, comprovar vantagem em relação à sustentabilidade e estar alinhados ao gosto dos consumidores.
Além das mudanças no hábito de consumo, há também escassez de tempo dedicado a cozinhar e para consumir as refeições, que são cada vez mais substituídas por lanches rápidos. O crescimento dos lanches abre espaço para produtos radicalmente novos, como refeições em formato líquido e em barras, que estão em desenvolvimento por empresas como a Soylent nos EUA e a Feed, a Vitaline e a Smeal na França.
Por fim, nos próximos anos veremos alimentos em diferentes formatos, combinando sabor, textura, teor de proteína, nutrientes e vitaminas, apresentados como petiscos, barrinhas, pós, bebidas, farinhas e demais formas.
Este texto é uma adaptação com tradução livre do estudo “FutureLab 2030” apresentado na SIAL 2018. Acesse o estudo aqui:
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