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Debora Chagas
Coordenadora Estadual da Startups e Economia Digital do SEBRAE RS
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O avanço das novas tecnologias vem gerando impactos em diversos setores da sociedade e mudando a forma de se fazer negócios. As inovações tecnológicas estão cada vez mais ocupando espaço e gerando impactos em diversos setores da economia. O setor do agronegócio, nesse contexto, também vem experimentando muitas mudanças e benefícios com as opções tecnológicas que surgem no meio.
Esse tipo de negócio exige um gerenciamento de um grande volume de informações, desde peso dos animais e volume de alimentação diária do rebanho até condições climáticas e quantidade de água no solo para o sucesso de uma plantação, por exemplo. Lidar com todas essas variáveis de forma manual era um trabalho obviamente complicado, cansativo e até mesmo ingrato, já que muitas vezes o cruzamento desses dados não era o mais apurado, e a produção acabava sofrendo desperdício.
O combo de tecnologias físicas, digitais e biológicas aplicado a esse ramo veio para facilitar a vida do produtor e está conseguindo mudar para melhor a forma de organização produtiva do campo, trazendo inúmeras facilidades a quem se dedica a esse setor. A tecnologia no agronegócio não somente está aumentando a produtividade e reduzindo perdas, como também está fortalecendo a competitividade dos produtores no mercado internacional e contribuindo para a sustentabilidade do meio ambiente.
Isso está sendo feito através de ferramentas tecnológicas que vão desde o uso de aplicativos até o de máquinas agrícolas mais modernas. O agricultor hoje já pode, por exemplo, monitorar sua plantação de qualquer lugar por meio do uso de imagens de satélites que podem ser visualizadas até mesmo no celular.
Tecnologia de precisão
A agricultura de precisão, que consiste num sistema de manejo integrado de variáveis de espaço e tempo para cuidar da produção, é uma das áreas que mais se beneficia dessa tecnologia.
Os agricultores contam agora com soluções avançadas de controle de máquinas com auxílio de GPS, sistemas de mapeamento da colheita, além de softwares de gestão de dados de toda a cadeia produtiva. Isso traz maior produtividade, redução de custos, diminuição do risco da atividade agrícola e benefícios para o meio ambiente pelo menor uso de defensivos. Esse cenário abre as portas para startups voltadas a criar produtos e serviços que auxiliam o trabalho dos produtores do agronegócio.
A companhia Safe Trace, por exemplo, criou um aplicativo de rastreamento de carne. Nele, o gado é rastreado desde o nascimento até o momento do abate graças a um brinco eletrônico implantado no animal no momento em que ele nasce, sendo substituído por um chip quando ele chega aos sete meses de idade. Com isso, obtém-se todo o histórico genético e de manejo do animal, o qual é armazenado e atualizado por um software, que adiciona ao produto final um código de barras que permite ao consumidor ter acesso a todo o processo da carne que está ingerindo.
Outra startup que se voltou ao ramo do agronegócio é a XMobots, que se especializou no desenvolvimento de drones que auxiliam o trabalho dos produtores no campo. Eles permitem que o agricultor saiba mais sobre a topografia de suas terras e as linhas de plantio, possibilitam uma detecção mais fácil de pragas, ajudam a fazer a contagem do gado e ainda auxiliam no controle do desmatamento em áreas de preservação. Os veículos dessa empresa já contam com certificado da ANAC e têm como clientes empresas de agronomia e grandes cooperativas.
Agro em crescimento
O crescimento dessa área é uma grande aposta, já que o agronegócio brasileiro representa quase um quarto do PIB do país (23%) e se mostra cada vez mais disposto a abraçar a tecnologia para se desenvolver e se manter competitivo lá fora. Essa combinação tem dado certo, pois dados mostram que o volume exportado por esse setor cresceu mais de 244% entre os anos de 2000 e 2017.
No Rio Grande do Sul, onde o agronegócio é um setor de grande impacto no desempenho da economia, esse crescimento também continua consistente. De acordo com o Sistema Farsul, de janeiro a setembro o agronegócio gaúcho teve crescimento de 4,5% nas exportações se comparado com o mesmo período do ano passado, com um acumulado de US$ 8,96 bilhões e um saldo positivo na balança de US$ 316 milhões. Esse volume representa 67,3% do total de exportações do Estado.
Com esse quadro, as novas tecnologias vêm se mostrando grandes aliadas do produtor, e cada dia mais produtores vêm adotando essas ferramentas. De acordo com levantamento da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), 67% das propriedades agrícolas no Brasil já adotaram algum tipo de inovação tecnológica. O produtor que ainda não se atentou a isso deve, portanto, procurar formas de implementar as novidades tecnológicas em sua produção, o que vai apenas facilitar o seu dia a dia.
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