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Pedro Brites Pascotini
Coordenador Estadual de Olivicultura e Grãos e sistemas integrados do SEBRAE RS
Construir um sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) é uma alternativa viável e eficiente em diversas regiões do país. O interesse por esse modo de produção tem aumentado, já que possibilita um maior aproveitamento do solo durante o ano, aumentando a produtividade e minimizando os impactos ambientais negativos. A rotação de culturas e a alternância de fases pastoris com fases agrícolas, possibilita uma melhor ciclagem dos nutrientes e incremento da biodiversidade (animal, microbiana e vegetal), além de diminuir a dependência de agroquímicos, utilizados para eliminar plantas daninhas, pragas e doenças. Esse sistema de produção possibilita diminuir o risco operacional que produções agrícolas baseadas em monocultura possuem naturalmente. No Sul do Brasil, a ILP é utilizada como alternativa de associações de cultivos agrícolas de verão, como soja, milho e arroz com produção animal nas mesmas áreas no inverno. Mas o manejo do gado nas pastagens de inverno ainda é um desafio, de acordo com um boletim técnico do Grupo de Pesquisa em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (GPSIPA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O grupo sinaliza que para manejar o gado sem impactar o solo de forma negativa e deixar resíduos suficientes para o plantio direto, é necessário ter um bom controle da lotação de animais na área. Quanto maior o número de animais por hectare, maior intensidade de pastejo e consequentemente menor cobertura vegetal, gerando maior impacto dos cascos no solo, o que contribui para a compactação, aumento de plantas indesejáveis e menor disponibilidade de água no sistema a longo prazo, que é um fator crítico em épocas de déficit hídrico por falta de chuvas. Já quando há intensidades de pastejo moderadas, ocorre um estímulo à diversidade vegetal, melhor estruturação do solo e consequentemente uma maior resiliência para períodos secos.
Para expandir cada vez mais a área de integração lavoura-pecuária no estado, é importante quebrar paradigmas, como o caso da compactação do solo gerada pela presença dos animais e que prejudicaria o plantio direto. Pelo contrário: os pesquisadores perceberam que a presença do gado, com taxa de lotação adequada (bom pastejo/intensidade moderada), acelera os processos de ciclagem de nutrientes do solo. Acompanhar os indicadores físicos, químicos e biológicos do solo também ajuda a entender se os procedimentos estão sendo executados corretamente.
A dica, portanto, é manter um acompanhamento técnico que permita uma lotação adequada à quantidade de pasto, ao tamanho da área e à rotação do gado. Na hora de acompanhar resultados, não se deve levar em conta apenas o desempenho da pecuária, mas também o impacto – positivo ou negativo – que a atividade terá na lavoura de verão. Por isso, manter uma ocupação controlada e retirar o gado no momento ideal antes do plantio da lavoura de verão, com intuito de deixar uma massa vegetal que beneficiará a implantação da próxima lavoura, são medidas fundamentais.
Essa visão sistêmica da propriedade, permitindo uma atividade sustentável, na qual o gado auxilia a lavoura e vice-versa, é uma das características que o Programa Juntos para Competir – parceria de FARSUL, SENAR-RS E SEBRAE/RS, tem levado ao campo gaúcho.
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