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Priscila Trindade Sant'Anna
Gestora de Políticas Públicas Sebrae RS
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O MEC homologou em 2018 a nova Base Curricular Comum Nacional (BNCC), em que determina dez competências a serem desenvolvidas nos alunos da Educação Básica. Além da definição de competências, há temas transversais que devem ser abordados durante o período escolar, e entre eles está a educação financeira. Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), a BNCC deve nortear os currículos e as propostas pedagógicas de todas as redes de ensino, ou seja, ela dá o rumo e indica aonde se quer chegar, mas não oferece um modelo pronto. Mas são os currículos que definem os caminhos, ou seja, o método de ensino, os materiais didáticos e o formato das avaliações. E isso será prerrogativa de cada Estado, de cada escola, que tem até 2020 para implementar todas as diretrizes.
A abordagem no currículo não precisa se dar somente por meio das disciplinas, é estimulada a criação, também, de projetos extraclasse que sirvam para desenvolver habilidades socioemocionais e reforçar a conexão entre o ensino e a realidade dos alunos. Apesar de a BNCC sugerir que a educação financeira seja trabalhada de forma transversal e integradora, essa menção aparece explícita no documento orientador de matemática para o quinto ao nono ano do ensino fundamental. No entanto, a ideia é que todas as disciplinas se apropriem de seu conceito e a apliquem de forma prática e funcional. Quando falamos de educação financeira como parte de uma cultura empreendedora, é possível desenvolver atividades como a simulação de compra e venda e feiras e oficinas de empreendedorismo. Projetos assim fomentam comportamentos que serão requeridos no futuro, quando o mercado de trabalho estará mais preocupado com habilidades e comportamentos do que propriamente com questões técnicas que podem ser ensinadas mais adiante.
Quanto mais cedo ensinamos educação financeira e fomentamos habilidades empreendedoras, melhor.
De acordo com a Abefin (Associação Brasileira dos Educadores Financeiros), a inclusão do tema educação financeira segue a tendência de estudos recentes da área, que apontam que quanto mais cedo ela é abordada, maiores serão as chances dos estudantes adotarem hábitos de consumo consciente.
Segundo resultados da Pesquisa Nacional de Educação Financeira nas Escolas, 81% dos alunos que têm educação financeira gastam parte do que recebem e guardam outra a parte para planos futuros. A adoção de um modelo de educação financeira nas instituições de ensino pode ser uma boa alternativa para a resolução de problemas reais, como o consumismo desenfreado, de forma não consciente, e o alto nível de endividamento da população. O objetivo final é preparar gerações futuras para a administração do equilíbrio de suas finanças, tornando os jovens mais conscientes para resistir às pressões do consumismo e que possam influenciar positivamente suas famílias. E em um futuro onde o emprego formal será menos abundante, é importante ter reservas financeiras e saber administrar o dinheiro a seu favor.
Ademais, é importante fomentar a cultura empreendedora, a autonomia e o perfil dinâmico para resolver problemas e preparar os jovens para serem autônomos e/ou terem a versatilidade que será requerida nas profissões do futuro. Devemos construir uma força de trabalho com habilidades consistentes, desenvolvidas desde a infância, para que não tenhamos que lidar com mais desemprego e desigualdade. Portanto, precisamos desenvolver nas futuras gerações novas habilidades para novas economias. E como as competências empreendedoras e o conhecimento de educação financeira se encaixam nesse contexto? David Deming, professor associado de Educação e Economia da Universidade de Harvard, argumenta que habilidades leves como a partilha e a negociação serão cruciais, além do conhecimento da matemática, que será extremamente benéfico para prosperar no mercado de trabalho de um futuro próximo.
O desafio agora é que os educadores complementem o ensino de habilidades técnicas com as competências empreendedoras básicas – como iniciativa, comprometimento, independência, persuasão e planejamento – na formação de um jovem preparado para o amanhã.
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