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Patrícia Palermo
Economista e Professora no curso de Relações Internacionais da ESPM Sul
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Pela primeira vez, teremos no comando da economia, um superministro com uma orientação declaradamente liberal, que até agora parece ter carta branca para trabalhar. Isso significa dizer que na agenda econômica não haverá espaço para políticas econômicas paternalistas. O Estado deverá abandonar a função de ‘indutor da economia” via grandes programas de gastos públicos ou práticas agressivas de subsídios, para uma função de regulador. No mercado de crédito, essa orientação liberal deverá ter efeitos relevantes nos próximos anos: não deveremos mais observar os bancos públicos com programas de crédito subsidiado e, por outro lado, teremos provavelmente um forte desenvolvimento de estruturas que aumentem a concorrência no mercado bancário. O resultado disso é que não conviveremos mais com taxas de juros artificialmente baixas, mas poderemos ter taxas de juros na ponta estruturalmente menores. E isso é muito bom para o crescimento de longo prazo do país.
No mercado de crédito, depois de anos de retração, é esperado uma expansão da oferta, porém, ainda haverá restrições no acesso e, como dito anteriormente, menos alternativas para aqueles que não se forem naturalmente aptos a tomarem crédito no mercado. A economia brasileira será levada a amadurecer, com todo o lado bom e o lado ruim desse processo. Então é muito importante entender o que norteia a oferta de crédito e que deveria nortear a demanda. O crédito deve ser tomado não quando é barato, mas quando vai financiar algo que é capaz de se pagar e gerar ganhos. Então é a perspectiva (realística) de futuro que deve motivar o empreendedor a buscar o crédito. Entretanto, será o passado, que tornará o empreendedor apto a tomar o crédito. O histórico de crédito é o grande definidor se aquele que pleiteia o recurso poderá ou não acessá-lo. Por isso, tomar crédito de forma consciente é melhor forma de se manter com acesso ao crédito.
Atualmente, a economia nacional passa por um processo de recuperação cíclica. No entanto, há um ambiente que favorece uma retomada mais intensa se houver um impulso de confiança: a inflação controlada, permite uma Selic baixa por mais tempo; uma grande ociosidade no mercado de trabalho não oferece pressão nos salários; as famílias e as empresas menos alavancadas dispensam menos recursos no pagamento de juros; e as contas externas equilibradas permitem um cenário mais ameno para o câmbio. Se o governo brasileiro tiver a condução das reformas como agenda fundamental, buscando resolver o problema fiscal e impulsionar o crescimento, isso poderá gerar os ganhos de confiança necessários para promover uma expansão maior da economia brasileira ainda em 2019. E estar apto a participar do mercado de crédito é condição ímpar para participar (e aproveitar) a retomada da economia.
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