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Fernando Ribeiro Piegas
Coordenador estadual de ILP do Sebrae RS
A massa de pessoas, o solo que elas ocupam, as coisas que elas utilizam e o movimento que elas produzem não resumem como uma sociedade é constituída. Segundo o positivista Emile Durkheim, uma sociedade é essencialmente formada a partir da ideia que ela faz dela mesma. É isso que está impregnado naqueles que nasceram e cresceram no Rio Grande do Sul e que, com mais força, aflora em setembro, no mês Farroupilha, no mês do gaúcho.
No livro “Nós, os Gaúchos” (Editora da Universidade), a professora de antropologia da UFRGS Maria Eunice de Souza Maciel afirma que os gaúchos pertencem ao RS ao mesmo tempo que o RS os pertence. Segundo ela, esse sentimento envolve uma adesão coletiva e é portador de um forte poder de mobilização.
Em primeira análise, a comprovação dessa mobilização são os festejos do Mês Farroupilha, comemorados em todo o Estado, mas que culminam com o já conhecido Acampamento Farroupilha que reúne, anualmente, no mês de setembro, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, em Porto Alegre, milhares de pessoas ligadas às tradições gaúchas. O encontro faz parte das comemorações da Semana Farroupilha, marco da Guerra dos Farrapos (1835-1845) e da proclamação da República Rio-Grandense (1836).
O Dia do Gaúcho, o 20 de setembro, é o ápice das comemorações. Foi nessa data, em 1835, que rebeldes em Porto Alegre tomaram a cidade, obrigando a fuga do presidente da então Província de São Pedro. A data marca o período em que a Província de São Pedro declara guerra contra o Império por causa dos altos impostos cobrados pelo charque. Logo o movimento adquiriu forte vertente separatista e republicana.
A guerra foi perdida. O RS não se tornou independente. Mas o que ficou foi o sentimento de pertencimento. A Semana Farroupilha (e todo o mês de festejos, por extensão) passou a ser uma grande manifestação cultural, de folclore, hábitos, mas, acima de tudo, de orgulho da terra, da gente e daquilo que se produz.
Hoje, em pleno século 21, a carne que se produz no RS, que motivou a Revolução Farroupilha, só ganhou em relevância. De tão importante, conforme dados da Secretaria Estadual da Agricultura, Ministério da Agricultura, Ministério da Economia, IBGE e CAGED/MTE, mais de 157 mil pessoas vivem diretamente no RS da cadeia da carne gaúcha. Atualmente, há no RS quase 330 mil propriedades que possuem bovinos de corte. Por ano, quase 2,1 milhões de cabeças de gado são abatidas para consumo.
Só em 2018, o Rio Grande do Sul exportou quase 64 milhões de kg de carne, gerando negócios da ordem de mais de US$ 239 milhões. Ainda em 2018 foram exportados mais de 165 mil animais vivos, o que corresponde a 21% do total exportado pelo Brasil nesta modalidade, gerando mais de US$ 86 milhões para o Rio Grande do Sul. O valor bruto da produção foi de quase R$ 5 bilhões só no ano passado.
Da carne vamos para o leite, outra cadeia importante no RS, a qual é para mais de 65 mil produtores a principal atividade econômica. Só no Estado, há mais de 173 mil produtores de leite e derivados, espalhados em 491 municípios, de acordo com dados do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite do RS, realizado pela Emater, em 2017.
De acordo com o estudo, mais de 62 mil produtores têm sistema de produção à base de pasto e em média cada produtor possui pouco mais de sete vacas. No Estado, cada vaca produz quase 3,5 mil litros de leite por ano, pouco mais de 11 litros por dia. A área média dessas propriedades é de cerca de 20 hectares.
Dos campos para as videiras, só no Rio Grande do Sul há 680 vinícolas registradas, o que envolve trabalho e renda para quase 15,5 mil famílias. Mais de 663 milhões de kg de uvas foram processadas em 2019.
O RS, além de concentrar 90% da produção brasileira, registra 90% das exportações vinícolas do Brasil. Os dados são do Cadastro Vitícola Embrapa Uva e Vinho e do Ibravin. Ao todo, são cultivadas no RS 138 variedades de uvas. Entre as principais variedades vitiviníferas, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat são as que possuem maior representatividade na produção de vinhos tintos, enquanto Chardonnay, Riesling e Moscato são as mais utilizadas para a produção do vinho branco.
Cada uma dessas cadeias produtivas do RS, tão importantes para economia do Estado e para as pessoas que delas vivem, além de provar a ligação do gaúcho com a terra e de encher de orgulho o que se faz por aqui, evidencia também o trabalho que o Programa Juntos para Competir (Farsul, Senar e Sebrae) desenvolve nestes segmentos.
Na cadeia da carne, por meio de ações para melhoria na gestão da propriedade e eficiência produtiva dos rebanhos, o Juntos para Competir vem atendendo 874 produtores no RS em 2019, gerando mais produtividade, além de auxiliar na certificação de boas práticas agropecuárias e sustentabilidade ambiental, bem como estruturando meios para agregar valor à produção pecuária e melhorar o ambiente de negócios para os produtores que dela se sustentam.
Já na cadeia do leite e derivados, o Programa atende atualmente 680 propriedades. Nelas, promove trabalho de consultoria que envolve produção, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental, além de buscar a eficiência na mão de obra. Um dos principais resultados deste trabalho foi observado no projeto com produtores do Planalto do RS, que gerou um aumento de produtividade de 40%, atingindo uma produção média de 7.350 litros/vaca/ano.
Por fim, 300 propriedades rurais obtiveram o certificado de boas práticas agrícolas na cadeia do vinho, e 93 vinícolas foram certificadas com boas práticas de elaboração dentro do PAS – Uva (Programa Alimento Seguro). Esse trabalho gerou um aumento de produtividade de 15% e queda de 40% no uso de herbicidas. Além das consultorias técnicas, o Programa Juntos para Competir desenvolveu ações em gestão comercial, que proporcionou aumento de 15% nas vendas com ações que envolveram promoção comercial para sensibilização ao consumo moderado e prazeroso do vinho e do suco de uva.
Desse modo, voltando ao que diz a professora Maria Eunice de Souza Maciel, não é só a Semana Farroupilha que evidencia a adesão coletiva e o poder de mobilização do gaúcho. Ele também carrega um determinado caráter, um DNA de empreendedor que não esqueceu sua ligação com a terra.
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